O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Na Véspera de não Partir Nunca

Júlio Pomar
Na Véspera de não Partir Nunca

Na véspera de não partir nunca 
Ao menos não há que arrumar malas 
Nem que fazer planos em papel, 
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos, 
Para o partir ainda livre do dia seguinte. 
Não há que fazer nada 
Na véspera de não partir nunca. 
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego! 
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros 
Por isto tudo, ter pensado o tudo 
É o ter chegado deliberadamente a nada. 
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre, 
Como uma oportunidade virada do avesso. 
Há quantas vezes vivo 
A vida vegetativa do pensamento! 
Todos os dias sine linea 
Sossego, sim, sossego... 
Grande tranqüilidade... 
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas! 
Que prazer olhar para as malas fítando como para nada! 
Dormita, alma, dormita! 
Aproveita, dormita! 
Dormita! 
É pouco o tempo que tens! Dormita! 
É a véspera de não partir nunca! 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

JOSÉ SARAMAGO

 A 16 de Novembro de 1922, nasce, em Azinhaga (Ribatejo), José de Sousa Saramago, escritor português galardoado, em 1998, com o Nobel da Literatura.
O Nobel da Literatura José Saramago, que morreu em junho de 2010, vai ser homenageado no Por
to, na Casa da Música, a 24 de novembro, iniciativa integrada nas comemorações dos 90 anos sobre o nascimento do escritor.

A homenagem a José Saramago surge no âmbito da 12.ª edição do "Porto de Encontro", uma iniciativa do jornalista Sérgio Almeida promovida pela Porto Editora.

"A conversa, moderada pelo jornalista Sérgio Almeida, contará com as participações de Pilar del Río, Álvaro Siza Vieira, Mário Cláudio, Pedro Abrunhosa e Valter Hugo Mãe".
Quando se comemora 90 anos sobre o nascimento do escritor, para esta homenagem estão ainda previstas "leituras por Manuela Azevedo, Emília Silvestre, Filipa Leal, Ana Celeste Ferreira e José Carlos Tinoco, bem como performances de Pedro Abrunhosa, do Coral de Letras da Universidade do Porto e de O Andaime".
Edvard Munch

Demissão
Este mundo não presta, venha outro. 
Já por tempo de mais aqui andamos 
A fingir de razões suficientes. 
Sejamos cães do cão: sabemos tudo 
De morder os mais fracos, se mandamos, 

E de lamber as mãos, se dependentes.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

terça-feira, 13 de novembro de 2012

TODO O MUNDO E NINGUÉM - GIL VICENTE

Narciso - Salvador Dali

Ninguém: Que andas tu i buscando?
Todo-o-mundo: Mil cousas ando a buscar: delas não posso achar, porém ando porfiando, por quão bom é perfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo-o-mundo: Eu hei nome Todo-o-Mundo, e meu tempo todo inteiro sempre é buscar dinheiro e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém, e busco a consciência.
Berzebu: Esta é boa experiência! Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que Ninguém busca consciência e Todo-o-Mundo dinheiro.
Ninguém: E agora, que buscas lá?
Todo-o-Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deos mande que tope co’ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude: escreve logo i a fundo, que busca honra Todo-o-Mundo, e Ninguém busca virtude.
Ninguém: Buscas outro mor bem qu´esse?
Todo-o-Mundo: Busco mais quem me louvasse tudo quanto eu fezesse.
Ninguém: E eu quem me reprendesse em cada cousa que errasse.
Belzebu: Escreve mais.
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que quer em extremo grado Todo-o-Mundo ser louvado, e Ninguém ser reprendido.
in Gil VicenteAuto da Lusitânia, 1532

sábado, 27 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

SERÁ?


Fé é nostalgia. É um nó na garganta. A fé é mais um passo adiante do que uma posição, mais um pressentimento do que uma certeza. A fé é espera. Ela está caminhando no tempo e no espaço. Portanto, se alguém se chega a mim e me pede para falar sobre minha fé, é exatamente sobre essa jornada no tempo e no espaço que falo. Os altos e baixos das lágrimas, os sonhos, os momentos particulares, as intuições. Falo sobre a sensação ocasional que tenho de que a vida não é uma sequência de eventos que gera outros eventos tão a esmo, quanto uma tacada no jogo de bilhar faz que as bolas se afastem em diferentes direções, mas que a vida tem um roteiro, assim como num romance - aqueles eventos que, de algum modo, nos levam a algum lugar.

Buechner

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O ENSINO DA GRAMÁTICA - RUBEM FONSECA


Você está triste?

Não sei. Talvez.

Tristeza dá câncer, sabia?

Pensei que dava verruga no nariz.

Estou falando sério.

Ultimamente você vive falando sério.

Quando eu brincava você reclamava.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra.

Você colocou vírgula depois de mar.

Estou falando, não estou escrevendo.

Mas na sua fala tinha uma vírgula depois de mar?

Não. Você está fazendo uma análise sintática e morfológica da frase?

Na frase há o uso da figura de sintaxe chamada elipse.

Chega. É por coisas assim que eu não quero mais viver com você.

Porque eu sei gramática e você não?

Entre outras coisas.

Não gosta mais de foder comigo?

Usarei uma elipse aqui. Ou melhor, uma zeugma.

Zeugma é um substantivo masculino.

Um zeugma, então.

Significando?

Que é fácil subentender.

Subentender por que você não gosta mais de foder comigo?

Precisamente. Pensa.

Estou pensando e não consigo.

Pensa em nós dois na cama.

Você sempre se manifesta pomposamente na hora do orgasmo.

Pomposamente? Explica.

Exibição de magnificência sensual. Mímica.

Mímica?

Mímica. Muito bem-feita.

Vou fazer as malas. Diga: já vai tarde.

Já vai tarde.

E esses olhos úmidos de lágrimas?

Mímica.

Acho que vou ficar mais um pouco.

Um pouco?

Uns dias.

Dias?

Pensando bem, uns meses. Mas você me ensina gramática durante esse tempo.

Então deixa de ficar triste.

Tenho uma razão. Já estou com câncer.

Jura?

Juro. Pulmão. O cigarro.

Meu amor, vou cuidar de você.

Mas antes me ensina gramática


Texto extraído de "Axilas e outras histórias indecorosas", de Rubem Fonseca, Editora Nova Fronteira - 2011

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O ESTRANHO «MUNDO» DE ERIK-THOR SANDBERG


Erik-Thor Sandberg em cada uma das suas composições, procura estabelecer uma conversa entre o artista e o espectador. O diálogo gerado pelos seus trabalhos, são sucessivas interrogações, com o objetivo de questionar a identidade humana. Usa um simbolismo muito pessoal, criando narrativas sem começo, nem fim, captando momentos cruciais e isolando-os. Momentos suspensos, em que o artista abstém-se de fazer julgamentos.
Sandberg tem representado cenas do vício e de virtude, do ponto de vista de que a natureza humana é inerentemente imperfeita. As suas pinturas habilmente trabalhadas, revelam de forma inesperada como a imperfeição torna a vida interessante. Quantas vezes o inquietante e o grotesco, se tornam no belo! No entanto essa beleza, constante no seu trabalho, contrasta com elementos bastante perturbadores, que sendo imaginários, muito têm a ver com a realidade.





VIDEO - MS: http://www.youtube.com/watch?v=6N4aV5RC4Zk&list=UU2MvfHy10SBs1oMNEGvtxzw&index=2&feature=plcp

sábado, 6 de outubro de 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ANNIE DILLARD


A maioria das pessoas pensa que escrever é colocar ideias e visões no papel. Consideram que primeiro, precisam de ter alguma coisa a dizer antes que possam efetivamente escrever. Para eles, escrever é um pouco mais do queregistrar um pensamento preexistente. Porém, com esta abordagem, o verdadeiro ato de escrever torna-se impossível. Escrever é um processo no qual descobrimos aquilo que vive dentro de nós. O próprio escrever revela o que está vivo (...) A mais profunda satisfação ao escrever é exatamente que este ato abre novos espaços dentro de nós dos quais não tínhamos consciência antes de começar a escrever. Escrever é embarcar numa jornada cujo destino final não sabemos.

Creio que, em algum lugar do coração do homem, há um clamor por alguém que esteja com ele por toda a vida, alguém que nunca o trairá, nunca o abandonará -mesmo que este alguém seja apenas um cachorro vadio e sarnento.
Se me pedisse para dizer em poucas palavras a essência de tudo que estou tentando dizer como romancista, seria algo assim: ouça sua vida. Veja-a como o insondável mistério que ela é. Nos aborrecimentos e na dor, assim como na alegria e na felicidade. Toque, sinta, prove o seu caminho para o seu  oculto coração.porque, em última análise, todos os momentos sãoimportantes.

David Lynch

"As ideias são como peixes. Podemos encontrá-los à superfície das águas, mas lá em baixo, nas profundezas, é que eles são maiores. E sabem qual é o principal isco para os apanhar? O desejo. Temos que desejar as ideias. É o desejo que traz cá para cima esses peixes graúdos."

domingo, 23 de setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A MÚSICA VENCE BARREIRAS

West-Eastern Divan Orchestra
VENCEDORA DO PRÉMIO CALOUSTE GULBENKIAN 2012
A orquestra foi criada em 1999 por Edward Said e Daniel Barenboim, junta músicos israelitas, palestinianos e de outros países árabes.


O presidente do Júri afirmou: ”A escolha da West-Eastern Divan Orchestra é oportuna e exemplar a vários títulos: celebra o poder de comunicação universal da música e a sua capacidade de transcender divisões e conflitos; aposta nos jovens e na sua aptidão em encontrar soluções novas para problemas velhos; é uma chamada de atenção para um conflito que grassa há décadas e se repercute numa região inteira. Mas é também a celebração do valor do diálogo intercultural e do seu contributo para a harmonia e a paz”.






domingo, 2 de setembro de 2012

POEMAS DE BERNARDO PINTO DE ALMEIDA


Dizíamos:
A rota dos dias é apressada
A translação do tempo afeta-nos –
A publicidade dizia:
«A vida moderna não dá tempo
Para compreendermos o que se passa à nossa volta.»
Vendia produtos de parar o tempo
Congelar o instante – máquinas
Sofisticadas que parecia servirem
Para proporcionar mais tempo
Mais satisfação.

O tempo
Se acaso corre a nosso favor
Deixa-nos abandonados
Sem pressa sobre uma cama de ervas
Perfume dos corpos
Enlaçados – coisas de crianças
Coisas de amor
Coisas sem importância.

.../...

TANGO

O teu sexo na minha boca
é a flor que arde: a sua chama
explode táctil abre ruínas onde antes
cidades se erguiam habitadas.

Não tem medida a forma
com que as pernas
pontas abertas de uma estrela
se atiram no vazio deste quarto.

O teu sexo na minha boca
é um canto. Sonoros seus líquidos
abrem-me na língua um sulco fundo
que traz a luz que espasma na tua boca

noite a querer fechar-se lá por dentro.
Mas nem isso me aquieta
nem a sombra que cai nem esse grito
chegam para calar o meu desvairo.

O teu sexo na minha boca
é o meu sexo: o seu cheiro
acre que inundando
meu corpo o abre a todo o seu espanto.

Bilhete postal (H.S. 3B)

Aos que fizeram da luta de classes um negócio
se deitaram das pontes mas com pára-quedas
se despediram do mundo e fundaram outra empresa,
fizeram da dor um carnaval
montaram takeaways de sentimentos
não poderemos senão desejar
os melhores votos de
uma feliz,
rápida,
morte.

AS PALAVRAS SÃO COISAS

Falamos das coisas e elas acontecem
por isso ciciamos o que nos pede o corpo
não são as coisas só aquilo que dizemos
nossas pobres palavras não as dizem inteiras?
As palavras são coisas, extremas, luminosas,
quando tu dizes porta, há uma porta que se abre
quando tu dizes sexo, há um amor que se cumpre
não sabemos sequer o poder das palavras
nem o poder das coisas nem o poder dos rostos.
As coisas são palavras feridas pela morte
são agulhas finíssimas que trespassam a noite
os teus lábios dizem coisas os teus lábios cintilam
por eles fala o mundo, por eles se faz o oiro
pois o mundo acontece sempre que o pronuncias.

As Palavras São Coisas #2

 
Se a tua boca as diz

se no teu rosto as vejo

as palavras são coisas

quando as fere o desejo



e quando dizes mar

e quando dizes norte

não sei se não me acerco

de um bocado de morte



e quando dizes barco

ou quando dizes esfera

há águas que transbordam

e inundam a terra



as palavras são coisas

as palavras são um perigo

se acaso as pronuncias

quando não estás comigo



e quando tu adormeces

muda num sonho fundo

tudo se desvanece

e deixa de haver mundo. 


Obrigado
  
Para poderem viver
As pessoas enlouquecem
Dão gritos nas ruas
Agridem os filhos.

Não há mais que loucura
Violência e espanto
As pessoas enlouquecem
Porque a vida é assim mesmo.

Para poderem viver
as pessoas enlouquecem
Porque o silêncio as fere
Lhes rebenta por dentro.

Sobre a cama vazia
Há um que abriu os pulsos
E na rua noite dentro
Há corpos já caídos.

Abrigam-se em silêncio
De um silêncio ainda maior.
Mas o gesto está ferido
Dessa loucura surda.

Se voltam para casa
Não está lá ninguém
Vão falando sozinhos
Para não gritar de medo.

As pessoas enlouquecem
As pessoas enlouquecem
Obrigado pela sua visita.
Volte sempre.

Os livros

 Os livros virão ter a minha casa
Pelo noturno vale
Pelos caminhos breves
Pelas sendas de azul
Pelas florestas ao longe
Os livros virão ter junto de mim.

Abro-os numa página
Uma página ao acaso
Lá dentro os teus olhos
Vão olhar-me de frente
Uma página adiante
Ou duas para trás
Hão de ter teus cabelos
Enrolando nos meus.
Uma página em branco
É a tua boca agreste
Como num sobressalto.

Os livros virão ter a minha casa
Mas em cada livro aberto
Em cada letra lida
És sempre tu que estás
Tal como em cada casa
Em cada rua à chuva
Cada montra olhada
Cada dia a dia
É teu corpo que sonho
Teu olhar magoado
Tua voz que cantava
A linha dos teus joelhos
Sobrepondo-se ao mar.

E nesses livros todos
Que me enchem as estantes
Nas suas gravuras secas
Suas letras esguias
Nas palavras que formam
O idioma é só um
A frase diz o mesmo
Só tu saberias
Traduzi-las para mim.

Os livros virão ter a minha casa
De uma qualquer maneira
Talvez pelo correio
Ou por alguém que os traga
Mas eu não saberei lê-los
Nem os seus dizeres se voltam
Para os meus olhos cegos
Desde que tu partiste.

Os livros ficarão
Para sempre guardados
Nesse lugar a que chamo
A minha casa.

 Antes

 Não, ainda não a lira
Mas o arco antes, o que se tende afiado
Contra a noite numerosa de surpresa
Vai de boca em boca como o vento.

Não, ainda não a boca
Mas os dedos antes, que se estendem de noite
Quase cegos e procuram dentro da escuridão
A tua sombra.

Não, ainda não a sombra
Mas o rosto antes, que a lua ainda ilumina
Mas de repente se volta. E sobre a sua flor
Já cai a morte.

Não, ainda não a morte
Mas a voz antes, a que chora
A que de manso vem
E murmura o teu nome.
  
  Viagem

 eu contigo viajo.
Para tempos para lugares
que não sabia: onde
aquele lugar que ainda me espera
secreta coincidência lembra
aquele dia em que chovia.

eu contigo viajo.
Vou de avião. Aqui S. Petersburgo
adiante Miami Tumbuctu Viena
ou mais ao pé da porta o Porto
o Dubai que deixámos para trás
porque o calor demais a arquitectura.

eu contigo viajo.
No teu corpo há um mapa um continente
vulcões de lava acesa noite dentro
se me beijas é para o sul que viajamos
se em ti me afundo o mundo que estremece
é um lugar turbulento nos teus braços o mar

Os dias
  
 Os dias, estes dias,
Estradas antes habitadas pelo fogo, desertos,
Caminhos que não vão dar a parte alguma
Os dias, estes dias.

Tu sabes, eu sei, todos parecem já saber
Que nenhuma coisa nova se prepara.
As rosas continuam a florir
É junho, o verão chega, a vida cai na sombra.

Os dias, estes dias,
São círculos que se fecham sobre si
Janelas que dão sobre altos muros
Saguões, escadas sobre ruas secundárias.

Nenhum sol se levanta o dia é igual
As horas lentas trazem por dentro marcas
De camas desfeitas portas abertas
Cartas esquecidas sobre mesas.

Há um perfume de flores no chão, caídas,
Fio de voz que se suspende,
Lâmina que te rouba do sossego.
A morte assalta-nos: vazia, pobre, estúpida.

Os dias, estes dias
Em que tudo parece feito em cinzas
São os dias dos suicidas, dos amantes
Quando a esperança do amor os abandona.
  

A ave

A ave que passou muito lá em cima
O que resta dos gestos o que faz
Com que a voz mesmo por dentro
Se habitue
A dor que as coisas têm pela tarde.
Tudo isso parece acontecer
Num sussurro das coisas rente à vida.
Mas nada disso traz consigo fulgor
A moldura dos teus cabelos soltos
Que te ovalam o rosto num retrato
E do retrato fazem luz ainda sem nome
E da luz voo das aves no céu alto.