O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RUBEM FONSECA EM PORTUGAL


No dia em que conquistou o prémio literário Casino da Póvoa/ Correntes d"Escrita pela sua obra "Bufo e Spallanzani"e a medalha de mérito cultural, que recebeu das mãos de um dos seus mais fervorosos admiradores e um dos responsáveis pela divulgação da sua obra em Portugal, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, o escritor brasileiro conquistou também o público deste Correntes d"Escritas que decorre pelo décimo terceiro ano na Póvoa de Varzim.
A entrega da medalha aconteceu no auditório municipal da Póvoa, onde uma sala a rebentar pelas costuras aguardava para ouvir Rubem Fonseca.
Foi com um grande sorriso emocionado que o escritor declarou: "Estou muito, muito feliz de estar aqui em Portugal. Eu que sou filho e neto de portugueses, nasci no Brasil mas o meu sangue é português. Agradeço, por isso, ter recebido esta medalha mais do que merecida. "A frase provocatória arrancou gargalhadas e aplausos de uma plateia já rendida.
Rubem Fonseca, 86 anos, escritor brasileiro também conhecido pela sua aversão a dar entrevistas, aparecer nos media ou participar em eventos literários mostrou ontem que afinal sabe, como poucos, estar sob as luzes da ribalta sendo, ao mesmo tempo humilde, irreverente e arrebatador. O tema sobre o qual lhe pediram para falar era "A escrita é um risco total", a frase pertence a Eduardo Lourenço que, tal como Hélia Correia, Ana Paula Tavares e Almeida Faria dividia com Fonseca a primeira mesa-redonda deste festival literário. E o escritor brasileiro assumiu todos os riscos: levantou-se da mesa e, de microfone na mão, foi andando pelo palco para explicar porque é que a escrita "é uma forma socialmente aceite de loucura" e porque é que todos escritores "incluindo Eduardo Lourenço" não passam de "loucos alfabetizados".
A erudição e as piadas contagiantes do autor de "A Grande Arte" ou "O seminarista" contrastam com a violência e a dureza das suas obras e com "a timidez" da qual o escritor disse sofrer. Contrastaram ainda mais com a voz suave e a delicadeza com que no fim da sessão declamou um poema de Luís de Camões: "busque amor novas artes, novo engenho..."
DN-ARTES

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