O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE
JEAN-PAUL SARTRE
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
ANO 2009
Com o ano a terminar, jornais e revistas fazem a retrospectiva dos acontecimentos de 2009 e até mesmo da década. Relativamente a Portugal obviamente que foram muito chocantes os escândalos financeiros, envolvendo políticos e empresários, os paradoxos da crise, a constante subida do desemprego, a luta dos professores...e ainda aqueles casos recorrentes, que de vez enquanto saltam para as primeiras páginas e preocupam o espírito de muita gente, o mistério da Praia da Luz e o caso Casa Pia, entre outros.
Os grandes acontecimentos da década, foram inevitavelmente o ataque terrorista sofrido pelos Estados Unidos e subsequentes atentados da Al-Qaeda, que alteraram completamente o mundo, a nomeação de um presidente americano negro, os problemas ambientais e as consequentes catástrofes naturais, a situação de miséria para além dos limites em que se encontra muitas pessoas, especialmente em África e que sobrevivem até à fatalidade no caos da fome e da doença.
Por muito que se tenha feito a nível mundial a insegurança continua e, ainda há poucos dias, uma bomba esteve a milésimos de segundos a ser detonada num avião, as guerras no Afeganistão e Iraque não se lhes vê um fim e nada vão resolver, os problemas ambientais vão continuar, possivelmente em crescente e a crise, resultado também de tudo isto, quem sabe quando vai acabar?
Relativamente a Portugal, a corrupção tornou-se uma coisa banal, os conflitos instuticionais também, o desequilibrio social idem aspas, que solução há para o desemprego?
TEREMOS ASSIM UM ANO MAIS DO MESMO!?...
(Claro que isto é uma visão muito sintética e simplista, outros poderão fazê-la com mais profundidade, com mais poder de análise, isto é apenas um pequeno apontamento)
Os grandes acontecimentos da década, foram inevitavelmente o ataque terrorista sofrido pelos Estados Unidos e subsequentes atentados da Al-Qaeda, que alteraram completamente o mundo, a nomeação de um presidente americano negro, os problemas ambientais e as consequentes catástrofes naturais, a situação de miséria para além dos limites em que se encontra muitas pessoas, especialmente em África e que sobrevivem até à fatalidade no caos da fome e da doença.
Por muito que se tenha feito a nível mundial a insegurança continua e, ainda há poucos dias, uma bomba esteve a milésimos de segundos a ser detonada num avião, as guerras no Afeganistão e Iraque não se lhes vê um fim e nada vão resolver, os problemas ambientais vão continuar, possivelmente em crescente e a crise, resultado também de tudo isto, quem sabe quando vai acabar?
Relativamente a Portugal, a corrupção tornou-se uma coisa banal, os conflitos instuticionais também, o desequilibrio social idem aspas, que solução há para o desemprego?
TEREMOS ASSIM UM ANO MAIS DO MESMO!?...
(Claro que isto é uma visão muito sintética e simplista, outros poderão fazê-la com mais profundidade, com mais poder de análise, isto é apenas um pequeno apontamento)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
CONTÁGIO CONSCIENTE DA SIDA DEVIA DAR CADEIA
LIVRO DO DESASSOSSEGO
Toda a noite, e pelas horas fora, o chiar da chuva baixou. Toda a noite, comigo entredesperto, a monotonia liquida me insistiu nos vidros. Ora um rasgo de vento, em ar mais alto, açoitava, e a água ondeava de som e passava mãos rápidas pela vidraça; ora com som surdo só fazia sono no exterior morto. A minha alma era a mesma de sempre, entre lençois como entre gente, dolorosamente consciente do mundo. Tardava o dia como a felicidade - áquela hora parecia que também indefinidamente. Se o dia e a felicidade nunca viessem! Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir.O som casual de um carro tardo, áspero a saltar nas pedras, crescia do fundo da rua, estralejou por debaixo da vidraça, apagava-se para o fundo da rua, para o fundo do vago sono que eu não conseguia de todo. Batia de quando em quando, uma porta de escada. Às vezes havia um chapinhar liquido de passos, um roçar por si mesmo de vestes molhadas. Uma ou outra vez, quando os passos eram mais, soava alto e atacavam. Depois, o silêncio volvia, com os passos que se apagavam, e a chuva continuava, inumeravelmente. Nas paredes escuramente visiveis do meu quarto, se eu abria os olhos do sono falso, boiavam fragmentos de sonhos por fazer, vagas luzes, riscos pretos, coisas de nada que trepavam e desciam. Os móveis, maiores do que de dia, manchavam vagamente o absurdo da treva. A porta era indicada por qualquer coisa nem mais branca, nem mais preta do que a noite, mas diferente. Quanto á janela, eu só a ouvia.Nova, fluida, incerta, a chuva soava. Os momentos tardavam ao som dela. A solidão da minha alma alargava-se, alastrava, invadia o que eu sentia, o que eu queria, o que ia sonhar. Os objectos vagos, participantes, na sombra, da minha insónia, passam a ter lugar e dor na minha desolação.
BERNARDO SOARES
BERNARDO SOARES
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
A MISÉRIA DO MEU SER - FERNANDO PESSOA
A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.
Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.
É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
ZEITGESIST: ADDENDUM (ESPÍRITO DO TEMPO/DA ÉPOCA?)
PARTE Nº.1, DE UMA SÉRIE DE DOCUMENTÁRIOS, QUE PODERÁ PROCURAR NO YOUTUBE, OBVIAMENTE PARA QUEM ESTIVER INTERESSADO, EM TER CONHECIMENTO DAS VERDADES E MENTIRAS, DO SISTEMA FINANCEIRO.
POEMA A FERNANDO PESSOA - DE LUÍS DE CASTRO MENDES
Disfarçamos os gestos nessa bruma
Que o corpo sabe rente ao coração
- como o perfeito mar morre na espuma
e vem ouvir-se em nós a escuridão.
Perfeito o magoado som de pluma
Que modula em seu arco a solidão
Só nos sossega a hora mais escura
E os passos que em perdido rumo vão.
Sorriem já as máscaras ao lume,
Solto o mundo em redor do coração
- e correm nos seus braços de negrume
os tons dissimulados da canção.
Que mais do que da terra em que se nasce,
Desta escura canção a alba faz-se.
Livro: Viagem de Inverno - Luís Filipe de Castro Mendes
Que o corpo sabe rente ao coração
- como o perfeito mar morre na espuma
e vem ouvir-se em nós a escuridão.
Perfeito o magoado som de pluma
Que modula em seu arco a solidão
Só nos sossega a hora mais escura
E os passos que em perdido rumo vão.
Sorriem já as máscaras ao lume,
Solto o mundo em redor do coração
- e correm nos seus braços de negrume
os tons dissimulados da canção.
Que mais do que da terra em que se nasce,
Desta escura canção a alba faz-se.
Livro: Viagem de Inverno - Luís Filipe de Castro Mendes
CHOPIN (1810-1849) - em 2010, 200 ANOS DE CHOPIN
Não é necessário uma data específica de homenagem, para eu ouvir Chopin, faço minhas as palavras de Rui Vieira Nery: A gente bem pode torcer os dedos para que a entrada do público em geral na música erudita, se faça através de Chopin, que tem uma música sedutora e se alargue depois a outros autores. Chopin é uma compositor importante na história da música, inovou e fez avançar a música erudita no plano mais complexo e, ao mesmo tempo, produziu uma música, que continua a ter impacto, nomeadamente os nocturnos e as valsas.
Contrariamente a outros países, em Portugal poucas são as salas com programação alusiva.
MANOEL DE OLIVEIRA
Oliveira encontra-se entre os melhores de 2009, para o CAHIERS DU CINEMA, pelo seu filme «Singularidades de uma Rapariga Loura». Este filme está a meio dos dez melhores filmes estreados ao longo do ano. O filme é uma adaptação do conto homónimo de Eça de Queirós e foi apresentado no Festival de Berlim. O filme de Oliveira está entre GRAN TORINO, de Clint Eastwood e TETRO de Francis Ford Coppola. O filme que oteve o primeiro lugar é LES HERBES FOLLES, de Alain Resnais. A lista incluiu também VINCERE de Marco Bellochio, SACANAS SEM LEI de Quentin Tarantino e TOKYO SONATA, de Kiyoshi Kurosawa.
Não sou uma incondicional da filmografia de Oliveira, mas gostei de alguns dos seus filmes.
domingo, 27 de dezembro de 2009
OUVINDO O «EIXO DO MAL»...
Este é um dos poucos programas que sempre vejo, na televisão.
A questão inicial foi sobre o «fim de uma bela amizade» entre Sócrates e Cavaco.
Cavaco contribuiu para a dramatização sobre o casamento gay alinhando com a oposição (PSD), dizendo que há coisas mais importantes e não queria provocar fracturas, mas tudo é fracturante sempre, há sempre uma parte que gosta e outra que não. Efectivamente que para toda a gente o casamento gay já está, é preciso pensar noutras coisas...o desemprego...
Sócrates está a alimentar a má relação com Cavaco, que está a atravessar uma fase de fraqueza catastrófica, a sua popularidade caiu muito. Sócrates mandou avançar Sousa Pinto, o eterno peter pan da Política. A política tem horror ao vazio, precisa de um inimigo, não existe liderança no PSD e não havendo conflito é preciso gerar conflito.
Para Sócrates há duas hipóteses: negociar, mas ele governa como se tivesse maioria e o seu governo revela mau-estar, Teixeira dos Santos e Luís Amado, já manifestaram vontade de sair ou então anda a «surfar» no conflito permanente. Cavaco não tem força para criar consenso, é um cadáver adiado.
Sobre o casamento gay, a verdade é que sem Sócrates e sem BE, não havia casamento gay.
Lenga-lenga institucional de Sócrates, servir os portugueses, servir o país...já é cansativo...o essencial é que ele analise se está a tomar as decisões certas. Para o PS no momento a primeira preocupação, é pensar na candidatura à presidência da República. Dois nomes têm sido referidos, Jaime Gama e Manuel Alegre. Jaime Gama poderia dar um bom Presidente da República mas não é um homem galvanizante. Manuel Alegre é a única alternativa a Cavaco. Alegre está longe de ter os votos todos do PS, mas é o único a conseguir um consenso à esquerda.
CONCORDO COM MUITO QUE SE DISSE, SOU COMO SEMPRE FUI DE ESQUERDA, MAS NÃO ME REVEJO EM NENHUM DOS PARTIDOS DE ESQUERDA, CONSIDERO QUE O PS JÁ NÃO É DE ESQUERDA. QUANDO VOU VOTAR É EM CONFORMIDADE COM A SITUAÇÃO NO MOMENTO OU COMO EU A INTERPRETO.
A questão inicial foi sobre o «fim de uma bela amizade» entre Sócrates e Cavaco.
Cavaco contribuiu para a dramatização sobre o casamento gay alinhando com a oposição (PSD), dizendo que há coisas mais importantes e não queria provocar fracturas, mas tudo é fracturante sempre, há sempre uma parte que gosta e outra que não. Efectivamente que para toda a gente o casamento gay já está, é preciso pensar noutras coisas...o desemprego...
Sócrates está a alimentar a má relação com Cavaco, que está a atravessar uma fase de fraqueza catastrófica, a sua popularidade caiu muito. Sócrates mandou avançar Sousa Pinto, o eterno peter pan da Política. A política tem horror ao vazio, precisa de um inimigo, não existe liderança no PSD e não havendo conflito é preciso gerar conflito.
Para Sócrates há duas hipóteses: negociar, mas ele governa como se tivesse maioria e o seu governo revela mau-estar, Teixeira dos Santos e Luís Amado, já manifestaram vontade de sair ou então anda a «surfar» no conflito permanente. Cavaco não tem força para criar consenso, é um cadáver adiado.
Sobre o casamento gay, a verdade é que sem Sócrates e sem BE, não havia casamento gay.
Lenga-lenga institucional de Sócrates, servir os portugueses, servir o país...já é cansativo...o essencial é que ele analise se está a tomar as decisões certas. Para o PS no momento a primeira preocupação, é pensar na candidatura à presidência da República. Dois nomes têm sido referidos, Jaime Gama e Manuel Alegre. Jaime Gama poderia dar um bom Presidente da República mas não é um homem galvanizante. Manuel Alegre é a única alternativa a Cavaco. Alegre está longe de ter os votos todos do PS, mas é o único a conseguir um consenso à esquerda.
CONCORDO COM MUITO QUE SE DISSE, SOU COMO SEMPRE FUI DE ESQUERDA, MAS NÃO ME REVEJO EM NENHUM DOS PARTIDOS DE ESQUERDA, CONSIDERO QUE O PS JÁ NÃO É DE ESQUERDA. QUANDO VOU VOTAR É EM CONFORMIDADE COM A SITUAÇÃO NO MOMENTO OU COMO EU A INTERPRETO.
sábado, 26 de dezembro de 2009
ESCHER
Maurits Cornelis Escher (Leeuwarden, 17 de Junho de 1898 - Hilversum, 27 de Março de 1972) foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints), que tendem a representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes.
PESSOA REVISITED - RUI KNOPFLI
PESSOA REVISITED
Esta noite encontro-te, poeta.
Esta noite, que não é antiquíssima,
Nem idêntica por dentro
Ao silêncio,
Sendo apenas o lúcido abismo
Da minha insônia,
Sigo da margem
Ao rio dos teus versos.
Alguma vez todos os poetas
Se encontraram contigo.
Mesmo os menores como eu
Ou o meu vizinho do lado,
Que é contabilista, não faz versos
E arrepela violino nas horas de lazer.
Esta noite olho e penso
Os versos reacionários,
Em que reinventaste o sentido das palavras
E te negavas.
Negavas-te na irônica contradição
Dos conceitos escalpelizados
E até
Na matemática escorreita da correspondência comercial,
Com o mesmo à vontade
Com que um Einstein especula com espaços interestelares
E a diurna e esquisita noite galáctica.
O teu gênio desmedido
Frustrava em ti
O burocrata para uso externo.
E rias, alto
Como um insulto amargo,
Por detrás
Do Álvaro de Campos snob,
Ou oculto
Na frieza geométrica e longínqua
Do Ricardo Reis.
Cerebrais, frios, são,
Dizem,
Os teus versos.
São-no como quem fala, lenta,
Pausadamente,
Dissimulando na garganta o nó da angústia.
Diante
Da alheia ignorância do tempo absurdo,
Com a miopia e o bigode estreito
Do manga de alpaca a fingir cabotismos,
Habitavam
O gênio e a náusea.
Com o gesto banal e repetido de quem
Acende o cigarro
Abriste as portas do espanto
E fizeste acreditar que eram as da dispensa.
Porisso
Hoje nos limitamos a entrar,
Porisso dormimos hoje com a cabeça
Nos teus versos,
Falamos com ar despreocupado
No Pessoa, à hora do café
E visitamos-te com secreta religiosidade.
Agora que tu te foste,
Sem que déssemos por tal,
Desapercebido, caminhando nos bicos dos pés,
Como o fazias em vida,
Em vão te buscamos,
Em vão rezam por ti compridas laudas
Em jornais a ressumar cultura,
Em vão te imitamos,
Em vão a estridência do nosso arrependimento.
Lá onde moras não há som
E nem sequer te incomodam no leito
As duras pedras e a terra úmida das raízes.
No dia 30 de Novembro de 1935
Aqui fazia sol
E eu, na beira do passeio,
Via passar os elétricos sem os entender
E resumia o sonho à nitidez gulosa
Do pão com manteiga,
Sentado a milhares de quilômetros da tua morte.
Perdoai pois se não fui
Ao teu enterro anônimo.
Livro: O País dos Outros - RUI KNOPFLI
Esta noite encontro-te, poeta.
Esta noite, que não é antiquíssima,
Nem idêntica por dentro
Ao silêncio,
Sendo apenas o lúcido abismo
Da minha insônia,
Sigo da margem
Ao rio dos teus versos.
Alguma vez todos os poetas
Se encontraram contigo.
Mesmo os menores como eu
Ou o meu vizinho do lado,
Que é contabilista, não faz versos
E arrepela violino nas horas de lazer.
Esta noite olho e penso
Os versos reacionários,
Em que reinventaste o sentido das palavras
E te negavas.
Negavas-te na irônica contradição
Dos conceitos escalpelizados
E até
Na matemática escorreita da correspondência comercial,
Com o mesmo à vontade
Com que um Einstein especula com espaços interestelares
E a diurna e esquisita noite galáctica.
O teu gênio desmedido
Frustrava em ti
O burocrata para uso externo.
E rias, alto
Como um insulto amargo,
Por detrás
Do Álvaro de Campos snob,
Ou oculto
Na frieza geométrica e longínqua
Do Ricardo Reis.
Cerebrais, frios, são,
Dizem,
Os teus versos.
São-no como quem fala, lenta,
Pausadamente,
Dissimulando na garganta o nó da angústia.
Diante
Da alheia ignorância do tempo absurdo,
Com a miopia e o bigode estreito
Do manga de alpaca a fingir cabotismos,
Habitavam
O gênio e a náusea.
Com o gesto banal e repetido de quem
Acende o cigarro
Abriste as portas do espanto
E fizeste acreditar que eram as da dispensa.
Porisso
Hoje nos limitamos a entrar,
Porisso dormimos hoje com a cabeça
Nos teus versos,
Falamos com ar despreocupado
No Pessoa, à hora do café
E visitamos-te com secreta religiosidade.
Agora que tu te foste,
Sem que déssemos por tal,
Desapercebido, caminhando nos bicos dos pés,
Como o fazias em vida,
Em vão te buscamos,
Em vão rezam por ti compridas laudas
Em jornais a ressumar cultura,
Em vão te imitamos,
Em vão a estridência do nosso arrependimento.
Lá onde moras não há som
E nem sequer te incomodam no leito
As duras pedras e a terra úmida das raízes.
No dia 30 de Novembro de 1935
Aqui fazia sol
E eu, na beira do passeio,
Via passar os elétricos sem os entender
E resumia o sonho à nitidez gulosa
Do pão com manteiga,
Sentado a milhares de quilômetros da tua morte.
Perdoai pois se não fui
Ao teu enterro anônimo.
Livro: O País dos Outros - RUI KNOPFLI
MILAN KUNDERA
"A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras."
Milan Kundera
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