O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

GUSTAV MAHLER - QUARTA SINFONIA

A Quarta Sinfonia de Mahler concluiu o ciclo em que o compositor utilizou textos de A Trompa Mágica do Rapaz, colectânea de poesia popular alemã de autores anónimos, um livro que Goethe dizia «ser obrigatório ter em casa».
Mahler compôs vinte e quatro canções que deram forma a andamentos inteiros da segunda, terceira e quarta sinfonia.

Na Primeira encontramos a Natureza primordial, habitada por um herói que acabará por morrer, na Segunda acompanhamos o processo de resgate desse herói do mundo dos mortos para uma ressurreição poderosa, na Terceira, há uma imersão radical na paisagem e fauna dos lagos e bosques do Tirol, seguindo a arquitectura do mundo de Schopenhauer, passamos pela Natureza inorgâmica, pela Flora, pela Fauna, pelo Homem e pelos Anjos até alcançar o Amor, na Quarta é a passagem da vida terrena para a vida celestial.
O quarto andamento consiste no Lied Das himmlische Leben ( A Vida Celestial), canção popular da Baviera, tem um carácter infantil, como se uma criança viesse explicar, no fim, tudo o que se passou.
É uma imagem idealizada, de um mundo pacífico, longínquo, ingénuo, inocente, visão inalcançável! Para Mahler o Paraíso deve mais que ser inalcançável, ser um mistério!
No fim, quando depois de o homem se questionar sobre tudo, uma criança diz-lhe: a vida é celestial! Com a sinfonia celestial acaba também o último sonho de ingénua inocência pueril de todo o reportório sinfónico romântico.



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