O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

EDUARDO LIBÓRIO (1900-1946)

Foi através do Jornal de Letras, que vi a edição do livro, Poesias, Desenhos e Correspondência, pela Imprensa Nacional Casa da Moeda. [ Prefácio, introdução, organização e notas de Gil Miranda (Professor Emérito de Teoria Musical no Oberlin College, EUA)]

REVOLUCIONÁRIO, EXCÊNTRICO SURREALISTA, METEÓRICO.

Músico, desenhador e poeta, sem ter pertencido a nenhum grupo literário, prenuncia a corrente surrealista que só entra em Portugal dois anos após a sua morte.


MAS QUEM É EDUARDO LIBÓRIO?

Com a «pulga» atrás da orelha, lá fui eu para a floresta da internet fazer as minhas explorações, porque de facto nunca tinha ouvido tal nome e não sei pelas quantas milésimas vezes senti aquele sopro: «só sei que nada sei» e nem é preciso dizer de quem!?...

Nessa floresta, onde ando sempre em explorações…pouco ou nada encontrei!

Na wikipédia a entrada é lacónica e diz apenas isto:

Eduardo Miguel Monteiro Libório, também conhecido pelo pseudónimo de Eduardo Claro, foi um músico e compositor português. Em sua honra foi criado o Prémio Eduardo Libório de História da Música, destinado a galardoar jovens músicos.

Música!?...Através do you tube nada! Mas cheguei a um compositor, Rui Serôdio que ganhou o prémio com o seu nome! Outro desconhecido para mim!...


Voltando ao Eduardo Libório, encontrei algo mais substancial em:

http://viciodapoesia.wordpress.com/2011/03/30/eduardo-liborio-1900-1946-%E2%80%93-a-descoberta-de-um-poeta/

ONDE SE DIZ ENTRE OUTRAS COISAS: Eduardo Libório (1900-1946) músico de profissão e artista multifacetado, é um poeta desconhecido do público.

SOBRE A SUA POESIA: Uma linguagem poética de desarmante singeleza prende-nos pelo encanto e inesperado de temas e ideias, enunciadas com uma limpidez de cristal.

Ecoam aqui formas do que viria a ser alguma poesia surrealista surgida bem depois da morte do poeta ocorrida em 1946 (a primeira reunião do Grupo Surrealista de Lisboa realizou-se em fins de Outubro de 1947, na pastelaria A Mexicana). Nomeadamente, é alguma poesia de Alexandre O’Neill que me ocorre ao ler grande parte destes poemas.

E aqui sim, encontram-se alguns dos seus poemas, de que vou destacar:

POEMA GIRATÓRIO,

COM “FIGURAS DE PASSAR”,

DEDICADO PELO LIBÓRIO

A QUEM O QUEIRA ACEITAR

Passa a tristeza, a dor, passa o cuidado,

Passa o prazer – o amor passa também…

– E passam as saudades do passado

Se no passado não passou alguém…

Ilusões – esperanças passageiras,

Passos falsos – e “passas” verdadeiras,

Pássaros, Passarões – e Passarolas

Uns à solta e outros em gaiolas,

Todos vão, de passagem, pelo ar…

Passam, a passear, os mensageiros

De mensagens passadas – e a passar…

Passam na vida, a passo, os passageiros

Para o mundo onde havemos de voltar…

Passam dúvidas, fés – passam certezas

Do que já se passou – ou vai passar

E, por vezes, perpassam baronesas

Num passeio, de passagem – a girar.

O VIAJANTE

Gosto tanto de sonhar

– E de dormir…

Esquecer o tempo que passou

E não pensar no que há-de vir…

Viver a vida verdadeira

A noite inteira:

Fechar os olhos – e partir…

Tudo em silêncio, tudo apagado,

E eu, suspenso,

Maravilhado

A espreitar o que está do outro lado…

Se me esquecesse de voltar…

Oh! Se pudesse ficar assim,

Horas sem fim

Sem acordar.

A viajar dentro de mim…

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