Paulo Castilho, diplomata e escritor, filho do diplomata, fundador da Presença e com uma vasta bibliografia sobre Literatura Portuguesa, Guilherme Castilho (destacando-se os seus trabalhos dedicados a Raul Brandão e António Nobre) e da escritora Marta de Lima.
Paulo de Castilho esteve colocado nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e na Irlanda. Chegou tarde à vida literária, o seu primeiro livro foi publicado em 1987, O Outro lado do Espelho (Prémio Literário Diário de Notícias), seguiu-se, Fora de Horas, que ganhou tudo o que havia para ganhar em prémios literários e depois: Sinais Exteriores, Parte Incerta, Por Outras Palavras e Letra e Música.
Paulo Castilho, defende a escrita realista, clara e depurada. O seu método de trabalho é criar as «fundações» com um primeiro esboço da história e depois passar ao trabalho mais duro, mas de que mais gosta «burilar o texto».
Escreve em cima da realidade, das situações presentes. Em Domínio Público, debruça-se sobre os jovens de 30 anos que vivem em Portugal e reagem aos acontecimentos com dúvidas, com irritação, mas também com compreensão! Jovens que têm em comum a percepção, que nada podem fazer para mudar as suas próprias vidas e sofrem com as consequências. A geração que mais duramente está a sofrer os efeitos da conjuntura.
«Há neles uma melancolia persistente e, mais do que isso, um certo culto dessa mesma melancolia, encarada quase como um valor positivo, e um certo comprazimento com um grau de sofrimento interior que são muito nossos».
«Nós os portugueses, para além desse apego à melancolia, tendemos a ser desorganizados, a reagir a algo que nos aconteça disparando em todas as direcções, prescindindo de qualquer forma de pensamento táctico e temos ainda um individualismo muito forte que nos leva a acreditar que nos podemos safar enquanto indivíduos, mas nunca como grupo. Evidentemente que também temos outras características bem mais positivas como um forte sentido de solidariedade e entre-ajuda.»
Esta geração está perdida sem saber o que fazer! Paulo Castilho, frequentava a Faculdade de Direito em Lisboa, quando rebentou a greve estudantil no ano lectivo 1961-62, precisamente no ano em que começou a Guerra Colonial. Tinham objectivos de luta muito claros, um implícito e outro explícito. O segundo seria derrubar a Ditadura e instaurar a democracia, que unia comunistas, católicos e socais democratas. O primeiro, decorrente deste, era acabar com a guerra.
Paulo Castilho, no entanto realça que quem andava na universidade sabia sempre que tinha emprego à espera. «O país era tacanho, a vida era condicionada, mas a sobrevivência estava assegurada à partida. Isso hoje não acontece»
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