O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE
JEAN-PAUL SARTRE
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Eugène Ionesco (Slatina, Roménia, 26 de Novembro de 1909 — Paris, 28 de Março de 1994)
"Pensar contra o nosso tempo é um acto de heroísmo. Mas dizê-lo é um acto de loucura"
"Sendo o cómico a intuição do absurdo, ele afigura-se-me mais desesperante do que o trágico"
"O facto de sermos habitados por uma nostalgia incompreensível seria mesmo assim o sinal de que existe um além"
"Mergulha, sem limites, no espanto e na estupefacção; deste modo podes ser sem limites, assim podes ser infinitamente"
Eugênio Ionesco é considerado, com o Irlandês Samuel Beckett, o pai do teatro do absurdo, segundo o qual é preciso ‘’para um texto burlesco, uma interpretação dramática; para um texto dramático, uma interpretação burlesca’’. Porém, além do ridículo das situações mais banais, o teatro de Ionesco representa de maneira palpável, a solidão do homem e a insignificância de sua existência. Não queria que suas obras fossem categorizadas como Teatro do absurdo, preferindo em vez de absurdo, a palavra insólito. Percebeu no termo insólito um aspecto ao mesmo tempo pavoroso e maravilhoso diante da estranheza do mundo, enquanto a palavra absurdo seria sinonimo de insensato, de incompreensão.
«Não é porque não compreendemos uma coisa que ela é absurda», resumiu seu biógrafo André Le Gall.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Jack London (São Francisco, 12 de Janeiro de 1876 - Califórnia, 22 de Novembro de 1916)
Autor,
jornalista e activista social, pioneiro no que era, então, o
novo mundo das revistas comerciais de ficção, tendo sido um dos primeiros
romancistas a obter celebridade mundial somente com as suas histórias, além de
uma grande fortuna. Dentro das suas obras mais conhecidas, estão The Call of the Wild, Before Adam, White Fang e The Sea Wolf ("O lobo do mar").
A verdadeira função do homem é viver, não
existir. Eu não gastarei meus dias tentando prolongá-los. Eu usarei meu tempo."
"A vida é como um fermento, uma levedura que se move
por um minuto, uma hora, um ano, um século, um milénio, mas que por fim terá
paralisado os movimentos. Para manter-se em movimento, o grande come o pequeno.
Para manter-se forte, o forte come o fraco. O que tem sorte prolonga o seu
movimento por mais tempo - eis tudo."
- O Lobo-do-Mar (The Sea-Wolf), livro
de 1904
André Paul Guillaume Gide (Paris, 22 de Novembro de 1869 — Paris, 19 de Fevereiro de 1951)
André Gide - Recebeu o Nobel de Literatura de 1947.
Oriundo de uma família da alta burguesia, foi o fundador da Editora
Gallimard e da
revista Nouvelle
Revue Française. Gide não somente era homossexual assumido, como
também falava abertamente em favor dos direitos dos homossexuais, tendo escrito
e publicado, entre 1910 e 1924, um livro destinado a combater os preconceitos
homofóbicos da sociedade de seu tempo, Corydon.
Obras mais importantes: Os Frutos da Terra, A Sinfonia Pastoral, O Imoralista e Os Moedeiros Falsos.
"Nada impede mais a felicidade do que a lembrança da felicidade."
"Todas as coisas já foram ditas, mas
como ninguém escuta é preciso sempre dizer de novo."
domingo, 10 de novembro de 2013
Friedrich Schiller
Johann Christoph Friedrich von Schiller (Marbach am Neckar, 10 de Novembro de 1759 — Weimar, 9 de Maio de 1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, poeta, filósofo e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII, e juntamente com Goethe,Wieland e Herder é representante do Romantismo alemão e do Classicismo de Weimar.
Beethoven imortalizou o seu poema «Ode à Alegria», na sua última sinfonia, a Nona.
Neste poema Schiller expressa uma visão idealista da raça humana como irmandade, uma visão que tanto este como Beethoven partilhavam.
Este poema não foi oficialmente adoptado nem pelo Conselho da Europa, nem posteriormente pela União Europeia, permanecendo como um hino sem letra, pois a música é uma linguagem universal e obtém o mesmo efeito, este Hino expressa os ideais de liberdade, paz e solidariedade, ideais estes que a Europa e as suas instituições como um todo querem e ambicionam prosseguir. (VÊ-SE!!!!)
Síntese de Ode à Alegria: Escuta irmão esta canção da alegria Um canto alegre de quem espera um novo dia. Vem,canta, sonha cantando, Vive esperando um novo sol Em que os Homens voltarão a ser irmãos.
Beethoven imortalizou o seu poema «Ode à Alegria», na sua última sinfonia, a Nona.
Neste poema Schiller expressa uma visão idealista da raça humana como irmandade, uma visão que tanto este como Beethoven partilhavam.
Este poema não foi oficialmente adoptado nem pelo Conselho da Europa, nem posteriormente pela União Europeia, permanecendo como um hino sem letra, pois a música é uma linguagem universal e obtém o mesmo efeito, este Hino expressa os ideais de liberdade, paz e solidariedade, ideais estes que a Europa e as suas instituições como um todo querem e ambicionam prosseguir. (VÊ-SE!!!!)
Síntese de Ode à Alegria: Escuta irmão esta canção da alegria Um canto alegre de quem espera um novo dia. Vem,canta, sonha cantando, Vive esperando um novo sol Em que os Homens voltarão a ser irmãos.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
FERNANDO PESSOA O «JANOTA»
As fotografias de Fernando Pessoa, podem revelar uma
pessoa sem grandes preocupações na forma como se vestia. É verdade que Pessoa,
passou por dificuldades económicas e teve dívidas, mas nunca sucumbiu à
miséria.
Fernando Pessoa gostava de vestir
bem. Por vezes teve que recorrer à venda de livros já lidos, para ter dinheiro,
muito dele para comprar roupas e acessórios nas casas mais requintadas de
Lisboa, como a Camisaria Pitta. Os familiares sempre disseram que Pessoa andava
sempre bem arranjado, de colarinhos bem engomados e gostava de vestir com um
certo rigor. Seria o que se dizia então um «janota», mas ser «janota» ficava
caro, até teve uma alta conta num dos alfaiates mais conceituados de Lisboa,
Lourenço & Santos, Lda. O próprio Fernando Pessoa faz referência no seu
diário, entrada em 30 de Novembro de 1915: «Há noite fiquei satisfeito de ouvir
duas referências diferentes (do Cortês-Rodrigues e do Perdigão), ao facto de eu
estar bem vestido (Oh, eu!)».
No fim da sua vida Fernando
Pessoa recebeu o Prémio Antero de Quental, quantia de 5000$00, pelo seu livro
«Mensagem». Oito meses depois de receber este dinheiro morreu no Hospital São Luís
dos Franceses, é de pensar que o poeta viveu esses meses num justíssimo desafogo,
mas o facto de ter morrido sem deixar dívidas, revela que também as saldou
todas.
Escritor David Soares
Retrato exposto na Casa Fernando
Pessoa, feito pelo pintor Adolfo Rodriguez Castañe, um dos seus amigos.
sábado, 2 de novembro de 2013
Odysséas Elýtis
Odysséas Elýtis (Heraclião, Creta, 2 de Novembro de 1911 — Atenas, 18 de Março de 1996), poeta grego, distinguido com o Prémio Nobel de Literatura em 1979.
Após conhecer a poesia de Paul Eluárd, abandonou o curso de direito para dedicar-se inteiramente à poesia. Elýtis, segundo ele próprio, "procurava no Surrealismo o clima propício a sua 'vitalidade libertária', preservando o mecanismo da construção mítica, mas não as figuras da mitologia.
Seu principal trabalho, escrito durante quatorze anos e publicado em 1959, é Axion Esti, um poema que tenta identificar os elementos vitais nos três mil anos de história e tradição da Grécia e onde imagens do sol e do mar misturam-se com a liturgia Ortodoxa e os elementos pagãos com o Cristão. Outros trabalhos incluem Ανοιχτά χαρτιά ("Anoichtá chartiá", ou seja, "Papéis abertos"), importante colectânea de ensaios sobre literatura.
Não me lembrava deste Nobel, a poesia nunca tem a expansão comercial da prosa e mesmo aqui na Internet, nada se encontra por aqui em português.
El concierto de los jacintos
I
Ponte un poquito más cerca del silencio y recoge los cabellos de esta noche que sueña, desnudo su cuerpo. Tiene
muchos horizontes, muchas brújulas, y un destino que arde incansable cada vez y sus cincuenta y dos papeles. Después
vuelve a empezar con otra cosa - con tu mano, que le da perlas para hallar un deseo, una islita de sueño.
Ponte un poquito más cerca del silencio y abraza la enorme ancla que gobierna en los abismos. Dentro de poco estará en
las nubes Y tú no entenderás, mas llorarás, llorarás para que yo te bese y cuando vaya a abrir una brecha en la mentira,
un pequeño tragaluz azul cielo en la ebriedad, me morderás.
Sombra celosa de mi alma, engendradora de una música en el claro de luna.
Ponte un poquito más cerca de mí.
De "Orientaciones"
Ediciones del oriente y del mediterráneo 1996
Versión de Ramón Irigoyen
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
JOHN KEATS
Ao Outono
I
Estação de névoas e frutífera suavidade,
Amiga do peito do sol maduro;
Conspiras como ele como espargir e abençoar
Com frutas as videiras nos beirais de palha;
Arqueias com maçãs os ramos musgosos,
Preenches até o fim de madurez as frutas;
Inflas as cabaças e farta as cascas das avelãs
Com doce cerne; fazes brotar mais
E mais, flores tardias às abelhas,
Até que pensem jamais findar-se-ão os dias quentes,
Pois o Verão transbordou suas meladas colméias.
(...)
[Mais poemas em: http://john-keats.tumblr.com/Poemasemportuguês
John Keats (Londres, 31 de Outubro de 1795 - Roma, 23 de Fevereiro de 1821). Juntamente com Lord Byron e Percy Bysshe Shelley, foi uma das principais figuras da segunda geração do movimento romântico. A poesia de Keats é caracterizada por um imaginário sensual, mais visível na sua série de odes.
O trabalho de Keats raramente foi bem recebido pelo público e pelos críticos. Indiferente a isso, ele escreveu com abundância e qualidade, por toda a sua curta vida. Entre 1818 e 1819, concentrou-se em dois poemas importantes: Hyperion (inacabado), em versos brancos, sob a influência de John Milton, e La Belle Dame Sans Merci.
Abandonou a carreira médica para dedicar-se à literatura e começou a escrever o longo poema Endymion em 1818, que foi violentamente criticado. Tais críticas, no entanto, apenas estimularam o poeta.
No ano em que se publica Endymion, Keats encontrou Fanny Brawne, a grande paixão da sua vida. Teve que separar-se dela em 1820, devido à tuberculose que havia contraído. Foi para a Itália, onde morreu poucos meses depois. Sobre seu túmulo, no Cemitério Protestante de Roma, foi esculpida a inscrição que ele mesmo redigira: Here lies one whose name was writ in water (Aqui descansa um homem cujo nome está escrito sobre a água).
Keats, o último e maior dos poetas românticos ingleses, exerceria uma profunda influência sobre Tennyson, Robert Browning, pré-rafaelitas e outros.
"Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo".
"O prazer visita-nos muitas vezes; mas a mágoa agarra-se cruelmente a nós".
"No mesmo templo do deleite / A velada Melancolia tem o seu santuário".
"'Beleza é verdade, verdade é beleza' - isto é tudo / o que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer".
"Oh, se eu ao menos pudesse ter uma vida de sensações em vez de uma vida de pensamentos".
(WIKI)
domingo, 27 de outubro de 2013
DYLAN THOMAS
Em Meu Ofício ou Arte Tacicturna
Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.
Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Nem para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.
(tradução: Ivan Junqueira)
Dylan Marlais Thomas (Swansea, 27 de Outubro de 1914 – Nova Iorque, 9 de Novembro de 1953).
O pai de Dylan Thomas, recitava-lhe Shakespeare e desde miúdo ficou fascinado pela língua. Aos 16 anos deixou os estudos e foi trabalhar para um jornal. Acabou por deixar o emprego para se dedicar completamente à poesia, foi nessa altura, que Thomas escreveu mais de metade dos seus poemas. Thomas com vinte anos, mudou-se para Londres, ganhou o prémio Poet's Corner e publicou o seu primeiro livro, 18 Poemas, com grande sucesso. Durante este período de sucesso, Thomas começou a abusar do álcool.
Ao contrário dos seus contemporâneos, Thomas não estava preocupado com a exibição de temas de questões sociais e intelectuais, e a sua escrita, com o seu lirismo intenso e altamente carregada emoção, tem mais em comum com a tradição romântica.
O poeta foi aos Estados Unidos. Teatral, romântico e dado a grandes bebedeiras, tornou-se numa figura lendária nos EUA e um ídolo para a geração dos poetas da chamada Geração Beat.
Arrebatou plateias com a sua voz grave ao ler os seus versos em teatros e universidades. Sabe-se que o jovem cantor e compositor americano Robert Allen Zimmerman, adoptou o nome Bob Dylan em homenagem ao poeta galês.
Dylan Thomas morreu de alcoolismo, aos 39 anos.
"Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou."
ESPELHO
Sou de prata e exacto. Não faço pré-julgamentos.
O que vejo engulo de imediato
Tal como é, sem me embaraçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, simplesmente verídico —
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Reflicto todo o tempo sobre a parede em frente.
É rosa, manchada. Fitei-a tanto
Que a sinto parte do meu coração. Mas cede.
Faces e escuridão insistem em separar-nos.
Agora eu sou um lago. Uma mulher se encosta a mim,
Buscando na minha posse o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o brilho e a lua.
Vejo as suas costas e reflicto-as na íntegra.
Ela paga-me em choro e em agitação de mãos.
Eu sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã a sua face alterna com a escuridão.
Em mim se afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrível.
Sylvia Plath, nasceu na Jamaica Plain, Massachusetts a 27 de Outubro de 1932. Poetisa, romancista e contista.
Reconhecida principalmente pela sua obra poética, Sylvia Plath escreveu também um romance semi-autobiográfico, "The Bell Jar", com detalhes da sua luta contra a depressão. Como Anne Sexton, Sylvia Plath é considerada por dar continuidade ao género de poesia confessional.
Suicidou-se em Primrose Hill, Londres, a 11 de Fevereiro de 1963
Sou de prata e exacto. Não faço pré-julgamentos.
O que vejo engulo de imediato
Tal como é, sem me embaraçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, simplesmente verídico —
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Reflicto todo o tempo sobre a parede em frente.
É rosa, manchada. Fitei-a tanto
Que a sinto parte do meu coração. Mas cede.
Faces e escuridão insistem em separar-nos.
Agora eu sou um lago. Uma mulher se encosta a mim,
Buscando na minha posse o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o brilho e a lua.
Vejo as suas costas e reflicto-as na íntegra.
Ela paga-me em choro e em agitação de mãos.
Eu sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã a sua face alterna com a escuridão.
Em mim se afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrível.
Sylvia Plath, nasceu na Jamaica Plain, Massachusetts a 27 de Outubro de 1932. Poetisa, romancista e contista.
Reconhecida principalmente pela sua obra poética, Sylvia Plath escreveu também um romance semi-autobiográfico, "The Bell Jar", com detalhes da sua luta contra a depressão. Como Anne Sexton, Sylvia Plath é considerada por dar continuidade ao género de poesia confessional.
Suicidou-se em Primrose Hill, Londres, a 11 de Fevereiro de 1963
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
domingo, 13 de outubro de 2013
ALEISTER CROWLEY E FERNANDO PESSOA: O MISTÉRIO
Aleister
Crowley, (Royal Leamington Spa, 12 de
Outubro de 1875 — Hastings, 1 de
Dezembro de 1947), foi um
membro da Ordem Hermética da Aurora
Dourada e
influente ocultista britânico,
responsável pela fundação da doutrina ou filosofia Thelema. Foi o co-fundador da A∴A∴ e
eventualmente um líder da O.T.O.. É conhecido hoje em dia por seus
escritos sobre magia, especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da
Thelema, apesar de ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como magia
cerimonial e a cabala.
Crowley também era mago, hedonista, usuário recreacional de
drogas, e crítico
social. Em muita de suas façanhas ele "iria contra os valores
morais e religiosos do seu tempo", era um libertário e a regra era, "Faz o
que tu queres". Por causa disso, ele ganhou larga notoriedade na sua vida, e foi declarado pela imprensa do tempo como "O homem mais
perverso do mundo." Além de suas atividades
esotéricas, era também um premiado jogador de xadrez, um alpinista, poeta e dramaturgo.
Em 2001, a BBC descrevia Crowley como sendo o septuagésimo
terceiro maior britânico de todos os tempos, por
influenciar e ser referenciado por numerosos escritores, músicos e cineastas,
incluindo Jimmy
Page, Alan
Moore, Bruce
Dickinson, Ozzy Osbourne, Raul
Seixas, Marilyn
Manson, Kenneth
Angere Celso Junior.
Fernando Pessoa interessava-se
pelo ocultismo e pelo misticismo, com
destaque para a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se lhe conheça qualquer filiação
concreta em Loja ou Fraternidade dessas escolas de pensamento), havendo
inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas no Diário de Lisboa (4 de
Fevereiro de 1935), contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e
apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No
Túmulo de Christian Rosenkreutz". Tinha o hábito de fazer
consultas astrológicas para si mesmo.
Apreciava também muito o trabalho
de Helena
Blavatsky tendo
inclusive traduzido, em 1916, A Voz do Silêncio, assim como lhe suscitava muita
curiosidade o famoso ocultista Aleister Crowley, tendo-lhe traduzido o poema Hino a Pã. Certa vez, lendo uma publicação inglesa de
Crowley, encontrou erros no horóscopo e escreveu-lhe para o corrigir. Os seus
conhecimentos de astrologia impressionaram Crowley e, como este gostava
de viagens, veio a Portugal conhecer o
poeta. Acompanhou-o a maga alemã Hanni Larissa Jaeger . O encontro entre Pessoa e Crowley ocorreu
com algum sensacionalismo, dado o Poeta Inglês ter simulado o seu suicídio na
Boca do Inferno, o que atraiu várias polícias Europeias e a atenção dos média
da época. Pessoa estaria dentro da encenação, tendo combinado com Crowley a
notificação dos jornais e a redacção de um "romance policial" cujos
direitos reverteriam a favor dos dois poetas. Apesar de ter escrito várias
dezenas de páginas, essa obra de ficção nunca foi concretizada.
(Wikipédia)
Segundo
João Gaspar Simões, biógrafo de Fernando Pessoa, esse viria a conhecer “um estranho
homem, cuja complexidade e desenvoltura se acusam os traços típicos
desse misto de charlatão e inspirador que o nosso tímido mistificador debalde
procurou ser”.
João
Gaspar Simões escreveu ainda que Fernando Pessoa ficou muito preocupado com a
não esperada visita “daquele feiticeiro – cuja espantosa biografia lhe fora
dado a conhecer lendo a história das suas estranhas aventuras”.
Crowley
chegou a Lisboa no dia 2 de Setembro de 1930 acompanhado pela Mulher Escarlate
(Miss Hanni Larissa Jaeger, sua assistente), a bordo do “Alcântara”, depois de
ter ficado retido em Vigo durante um dia, devido a um intensíssimo nevoeiro.
“Em terra”, Fernando Pessoa, transido e tímido, vê avançar para ele um homem
alto, espadaúdo, envolto numa capa negra, cujos olhos, ao mesmo tempo
maliciosos e satânicos, o fitam repreensivamente, enquanto exclama: “Então que
ideia foi essa de me mandar um nevoeiro lá para cima”? - João Gaspar Simões, in Vida e Obra
de Fernando Pessoa – História duma Geração.
Por
fim foram para o Hotel l’Europe, e só depois para o Hotel Paris, no Estoril.
Depois
da chegada, Fernando Pessoa só esteve com eles por duas vezes, tendo uma sido
no Estoril, e a outra em Lisboa.
Porém,
no dia 18 de Setembro, Fernando Pessoa recebeu uma carta de Crowley, contando-lhe
que Miss Jaeger havia tido, duas noites atrás, um “formidável” ataque de
histerismo, deixando o Hotel Miramar de pantanas, e que de manhã, não havia
sinal nenhum dela, havia simplesmente desaparecido.
Ainda
no dia 18, Crowley foi para Lisboa e encontrou-se com Fernando Pessoa,
mostrando-se preocupadíssimo com Miss Jaeger, dizia que estava
perturbada e tinha o desejo de se suicidar, pois se achava perseguida por um
mago negro chamado Yorke.
Acabou
por nunca encontrar Miss Jaeger, nem a detectaram em parte alguma da fronteira,
a sair do país em que momento fosse.
Crowley
ficou em Lisboa até dia 23 de setembro, seguindo depois para Sintra, onde ficou
por alguns dias no Casal de Santa Margarida, casa do dono do
negócio da Shell em Portugal.
No
entanto… Fernando Pessoa afirma ter visto Crowley por duas vezes no dia 24,
sendo que uma dessas vezes foi no Rossio, e outra no Cais do Sodré, a entrar na
Tabacaria Inglesa. Em ambas não estava a uma distância que Crowley pudesse
entrar em contacto.
A Polícia
Internacional viria a dizer tempos depois, no fim do mistério e para o mais
adensar, que Crowley havia passado a fronteira no dia 23.
Entretanto,
no dia 25, Augusto Ferreira Gomes, um amigo ocultista de Fernando Pessoa, jornalista
de Notícias Ilustre encontra acidentalmente junto à Boca do Inferno em Cascais,
uma cigarreira (de Aleister Crowley) com uma mensagem debaixo dela.
Segundo
os fatos que todos possuíam, Aleister Crowley tinha ido para Sintra no dia 23,
saído do país no dia 23, sido visto em Lisboa no dia 24, e no dia 25 a (sua
suposta) mensagem era encontrada à beira da Boca do Inferno.
A
mensagem era a seguinte:
L.G.P.
Ano 14, Sol em Balança
Não
posso viver sem ti. A outra “Boca do Infierno” (sic) apanhar-me-á — não será
tão
quente
como a tua.
Hisos
Tu LiYu.
O
grande mistério é: Aleister Crowley foi fotografado em Londres jogando Xadrez
com Fernando Pessoa anos após seu suposto suicídio.
O
suicídio de Crowley teria sido apenas uma mistificação em que Fernando Pessoa
colaborou?
Se
sim, qual foi o motivo para que elaborassem tal plano? E o que aconteceu com
Miss Jaeger?
Se não
foi Crowley, quem cruzou a fronteira do país no dia 23 de setembro?
UM MISTÉRIO!!!
domingo, 22 de setembro de 2013
SCHOPENHAUER - Die Welt als Wille und Vorstellung - PARA LER E RELER
"As religiões são como vaga-lumes: para brilhar precisam
das trevas."
"A riqueza influencia-nos como a água do mar. Quanto
mais bebemos, mais sede temos".
"Quanto mais claro é o conhecimento do homem – quanto mais inteligente ele é – mais
sofrimento ele tem; o homem que é dotado de génio sofre mais do que todos."
"Toda criança é, de certo modo, um génio E todo génio é, de certo modo, uma criança."
"As causas não determinam o carácter da
pessoa, mas apenas a manifestação desse carácter, ou seja, as acções."
"A felicidade não passa de um sonho, e a
dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra
coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas
pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."
"Na verdade, só existe prazer no uso e
no sentimento das próprias forças, e a maior dor é a reconhecida falta de
forças onde elas seriam necessárias."
"A modéstia é a humildade de um
hipócrita que pede perdão por seus méritos aos que não têm nenhum."
"Decepção contínua e desilusão, bem como
a natureza geral da vida, apresentam-se como previsto e calculado para
despertar a convicção de que nada vale nossos esforços, nossos esforços e
nossas lutas, que todas as coisas boas estão vazias e fugazes, que o mundo em
todos os lados está falido, e que a vida é um negócio que não cobre os
custos..."
"O que torna as pessoas sociáveis é a
sua incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si mesmos."
"A compaixão pelos animais está
intimamente ligada à bondade de carácter e pode ser seguramente afirmado que
quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem".
"O bom humor é a única qualidade divina
do homem."
"Em geral, nove décimos da nossa
felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde. Com ela, tudo se transforma em
fonte de prazer."
"Assim como a cera, naturalmente dura e
rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a
tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e
amabilidade, conquistar os obstinados e os hostis."
"Toda vez que a alegria se apresentar
devemos abrir-lhe a porta e o portão, pois ela nunca é inoportuna."
"Sentimos a dor mas não a sua
ausência."
"Casar-se significa duplicar as suas
obrigações e reduzir pela metade dos seus direitos."O que um indivíduo
pode ser para o outro, não significa grande coisa, no fim cada qual acaba só.
Ser feliz, diz Aristóteles, é bastar-se a si mesmo."
"Nada merece nosso esforço, todas as
coisas boas são apenas vaidades, o mundo é uma bancarrota e a vida, um mau
negócio, que não paga o investimento. Para ser feliz, é preciso ser como as
crianças: ignorante."
"Embora sejam muitas as coisas más deste
mundo, a pior dentre todas é a sociedade."
"Em geral, chamamos de destino as
asneiras que cometemos."
"A descoberta da verdade é impedida de
forma mais eficiente não pela aparência falsa das coisas que iludem e induzem
ao erro, nem directamente pela fraqueza dos poderes de raciocínio, mas pela
opinião preconcebida e pelo preconceito."
domingo, 25 de agosto de 2013
DAVID HUME
David Hume (Edimburgo, 7 de Maio de 1711 – Edimburgo, 25 de Agosto de 1776), filósofo, historiador e ensaísta escocês que se tornou célebre por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Hume opôs-se particularmente a Descartes e às filosofias que consideravam o espírito
humano desde um ponto de vista teológico-metafísico. Teve
profunda influência sobre Kant, sobre a filosofia analítica do início
do século XX e sobre a fenomenologia. (Wikipédia)
A Nossa Prodigiosa Parcialidade
Todos nós temos uma prodigiosa parcialidade em favor de nós
mesmos, e, se déssemos sempre vazão a esses nossos sentimentos, causaríamos a
maior indignação uns aos outros, não somente pela presença imediata de um
objecto de comparação tão desagradável, mas também pela contrariedade dos
nossos respectivos juízos. Assim, do mesmo modo que estabelecemos o direito natural para assegurar a propriedade dentro da sociedade e impedir
o choque entre interesses pessoais, também estabelecemos as regras da boa educação, a fim de impedir o choque entre os
orgulhos dos homens e tornar o seu relacionamento agradável e inofensivo. Nada
é mais desagradável que um homem com uma imagem presunçosa de si mesmo, embora
quase todo o mundo tenha uma forte inclinação para esse vício.
David Hume, in 'Tratado da Natureza Humana'
David Hume, in 'Tratado da Natureza Humana'
"O hábito é o grande guia da vida humana."
"A beleza não é uma qualidade inerente às coisas. Ela
existe apenas na mente de quem as contempla."
"Em nossos raciocínios a respeito dos
fatos, existem todos os graus imagináveis de certeza. Um homem sábio, portanto,
ajusta sua crença à evidência."
"A natureza, por uma necessidade
absoluta e incontrolável determinou-nos para julgar, assim como para respirar e
sentir"
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