O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CINEMA RUSSO


Os primórdios do cinema russo vêm da época czarista, com adaptações de Tolstói, Dortoiévski e Puchkin.

Com a Revolução de 1917, o governo bolchevique deu grande incentivo às produções cinematográficas porque as considerava peças estratégicas para propaganda ideológica. Assim, obras que exaltassem a força e o heroísmo do povo russo eram estimuladas, financiadas e amplamente distribuídas pelo Estado.

Directores russos como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov foram pioneiros da linguagem, da teoria e da estética cinematográfica, sugerindo e definindo padrões que influenciaram realizadores de todo o mundo.

Eisenstein é sem dúvida um dos maiores cineastas da Sétima Arte. Vertov teve importância também nos anos 20/30, por lançar um manifesto pelo "purismo" no Cinema, Kino-Glaz (Cinema-Olho), e foi um experimentalista com filmes como "O Homem Com a Câmara de Filmar".

Nas décadas de 60/70, durante o período do chamado "Degelo", o cineasta Andrei Tarkóvski criou grandes inovações de linguagem e estética em filmes como "Nostalgia", "Andrei Rubliov", "Stalker" e "Solaris".

Com a Perestroika e a derrocada do regime soviético, o cinema russo tomou outros rumos.


















DZIGA VERTOV (1896-1954)











Fez parte do movimento construtivista, escrevendo inúmeros artigos sobre a teoria do cinema. O seu filme O Homem com uma Câmara, é um marco na história do cinema, como documentário reflexivo. Filma o quotidiano de cidades russas, principalmente Moscovo, com criatividade e lucidez. Planos pensados e repensados, a passagem de um simples fotograma a complexa estrutura narrativa mantendo a intenção poética são, por si sós, uma aula de cinema. Para associar o olho humano ao da câmara, usa por exemplo planos de uma persiana, numa metáfora de retina, do diafragma da objectiva, do cinema-olho, capaz de apreender o real.
A sua teoria do Kino Pravda, a do cinema-verdade, é fundadora de futuras teorias e práticas numa área fundamental do cinema: o contacto directo do olho da câmara com o evento filmado, a verdadeira realidade, ao contrário da ficção, que precisa do plateau. Aí se diferencia Vertov de Eisenstein: a ideia, a encenação e o plateau, tal como no teatro.
A ideia é aquilo que tudo determina. Não escapa ao movimento da História e é expressão de um ideal humanista que se dinamiza na construção de uma sociedade justa.
Dziga Vertov foi um dos primeiros cineastas russos a usar técnicas de animação e desenvolver certos princípios fundamentais da montagem no cinema. Para Vertov a montagem é a alma do filme, o motor da sua estética e do seu sentido. O trabalho de Dizga Vertov foi fundamental para o desenvolvimento da construção dramática e melhoria do cinema e para o surgimento do cinema directo nos anos sessenta, com o desenvolvimento das técnicas de filmagem com câmaras leves com som síncrono.
http://www.mnemocine.com.br/aruanda/vertov.htm
http://biografias.netsaber.com.br/ver_biografia_c_4844.html



SERGUEI MIKHAILOVITCH EISENSTEIN (1898-1948)
Eisenstein teve constantes atritos com o regime de Josef Stalin, devido à sua visão do Comunismo e à sua defesa da liberdade de expressão artística e da independência dos artistas em relação aos governantes.
Criou uma nova técnica de montagem, chamada montagem intelectual ou dialéctica.
Com 26 anos fez «A Greve», mostrando que arte e política podiam andar juntas. Com 27, deu ao mundo «O Couraçado Potemkin», obra que é considerada, juntamente com «O Mundo aos seus Pés», de Orson Welles, das mais importantes na história do cinema.
Graças ao sucesso extraordinário de «O Couraçado Potemkin», foi chamado pela MGM e embarcou para os Estados Unidos. Só que seus projectos não descolavam, apesar de ter amigos poderosos como Chaplin e Flaherty. Eisenstein resolveu então afastar-se de Hollywood e fazer «Que Viva México», uma obra ambiciosa sobre a história de um país e da sua cultura, mas as filmagens foram interrompidas por problemas financeiros.
Eisenstein voltou para a URSS, mas encontrou um ambiente hostil. Só passado um tempo teve um convite para filmar «Alexandre Nevski», como uma peça de propaganda anti-germânica e realizou uma obra-prima acima da ideologia.
Com o prestígio recuperado, Eisenstein iniciou a trilogia «Ivan, o Terrível», que ficou inacabada, devido ao início da II Guerra.




http://www.ipv.pt/forumedia/5/20.htm
http://www.terra.com.br/cinema/favoritos/eisenstein.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serguei_Eisenstein
ANDREI ARSENYEVICH TARKOVSK (1932 —1986)

No Instituto de Cinematografia Gerasimov, onde foi aluno do realizador Mikhail Room, aprendeu um conceito fundamental: o de considerar o cinema como uma forma de «esculpir o tempo».
Herdeiro directo do realizador, Alexander Dovjenko, desenvolveu um léxico e uma concepção cinematográfica inconfundíveis. A sua filmografia pode ser entendida como uma reflexão constante e coerente sobre a relação entre tempo e imagem.
O seu primeiro filme, A Infância de Ivan (1962), uma viagem evocativa da infância perdida de um rapaz de 12 anos, ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza. Neste filme opõe a realidade traumática da Segunda Guerra Mundial às recordações dos momentos serenos de uma vida familiar, destruída pela própria guerra, retratando de forma perturbadora o impacto nas crianças na violência da guerra.
Segue-se, Andrei Rubliov (1969), sobre a vida de um famoso pintor do século XV, seguindo-o pelas terras miseráveis e violentas da Rússia medieval; Solaris (1972), um filme complexo misto de ficção científica e drama existencial; O Espelho (1974), uma autobiografia abstracta onde se entrelaçam as suas memórias com as de sua mãe, num período que antecede a Segunda Guerra Mundial; Stalker (1979), uma visão pós-apocalítpica; Nostalgia (1983), primeiro filme feito fora da Rússia, onde é abordada a saudade da terra natal e o Sacrifício (1986) onde a ênfase é dada à falta de espiritualidade no mundo moderno.
Andrei Tarkovski tinha uma personalidade muito vincada e a sua obra tem um profundo sentido espiritual. O seu livro, «Esculpir o Tempo», é considerada uma obra essencial da sétima arte.


Fonte: Internet
[C&H]

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