Nasceu em Lumbo em 1929, viveu em Lourenço Marques, hoje Maputo e em 1947 veio estudar para o Instituto Industrial de Lisboa.
O seu pai era um activista político, membro da Associação Africana de Moçambique e Marcelino dos Santos, na Casa dos Estudantes do Império, encontrou-se com futuros líderes do movimento de independência das colónias: Amílcar Cabral (Guiné-Bissau), Agostinho Neto (Angola), Eduardo Mondlane (Moçambique).
Em 1950 Agostinho Neto foi preso, Mondlane foi para os Estados Unidos e Marcelino dos Santos foi para Paris, com outros camaradas. Aí escreveu na revista, Présence Africaine. Sob o pseudónimo de Lilinho Micaia, escreveu um livro de poesia que foi publicado na URSS.
Marcelino dos Santos foi fundamental na formação do Movimento Anti-Colonial em Paris, juntando-se à União Democrática Nacional de Moçambique, um dos grupos nacionalistas que depois se fundem para formar a FRELIMO.
Como era um hábil comunicador, fez parte da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas e discursou na Organização de Unidade Africana, na Conferencia Afro-Asiática de Solidariedade e na Organização das Nações Unidas.
Com o assassinato de Mondlane, foi presidente da Frelimo, com Uria Simango e Samora Machel, num dos seus períodos mais difíceis. Em 1970 Machel assume a presidência e Marcelino dos Santos é vice-presidente.
Depois da independência ocupou vários cargos políticos.
Sob os pseudónimos de Kalungano e Micaia Lilinho, publicou poemas no Brado Africano e em duas antologias editadas pela Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa. Com o seu nome real, publicou Canto do Amor Natural, editado pela Associação dos Estudantes do Império.
Os textos de Marcelino dos Santos descrevem a sorte do colonizado, vítima da sociedade e impossibilitado de atingir um meio de libertação. Mundo dividido e injusto. Marcelino dos Santos na sua poesia perspectivava uma situação e uma massificação de vontades verdadeiramente moçambicanas.
Já dentro da época de guerrilha, da luta armada em Moçambique, Marcelino dos Santos, levantou a voz e o gesto que proclamavam a destruição material dos demónios do colonialismo, na mais pura tentativa de cantar a libertação.
Assim, Marcelino dos Santos recorre ao estado mais puro de sentimentos: a infância. Regressar à infância, é regressar ao passado, invocando uma relação com a Natureza, a Terra, as Raízes, solidificando, assim, as estruturas existentes para definir o presente e arquitectar o futuro.
Desta forma, cingindo-se ao amplo conceito da Mãe-Negra, Mãe-África, define uma posição muito concreta na poesia moçambicana: uma posição combativa, da mais pura reivindicação. Marcelino dos Santos, é considerado como uma das vozes mais significantes da afirmação de uma poesia realmente Moçambicana.
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