O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

MANÍACOS DE QUALIDADE – PSICÓLOGA JOANA AMARAL DIAS
ANALISA: Fernando Pessoa, Antero de Quental, João César Monteiro, D. Maria I, D. Afonso VI, Marquês de Pombal, entre outros…

Não li, nem tenciono ler...


A vida de Fernando Pessoa, foi atribulada. Com 5 anos, nasceu o seu irmão Jorge. Nesse mesmo ano morreu o pai e a família mudou de casa. Aos 6 anos morreu o irmão e no ano seguinte a mãe casou. Aos 8 anos mudou-se para Durban e logo nasceu o primeiro filho do segundo casamento da mãe. Em apenas três anos, morreu o pai, o irmão, mudou de casa, de país, de «pai», de irmão, de família, de cultura, de língua. Isto representa muita coisa, para uma criança…
Neste turbilhão de acontecimentos Fernando Pessoa sentia-se só, os heterónimos, os amigos imaginários, surgiram muito cedo, como depois revelou. O esoterismo, pode estar ligado ao pensamento mágico, criando fantasmas e monstros e a fobia dos medos, o medo da trovoada, um temor imaginativo, podem ser reflexos da sua infância.
O medo da loucura... a avó paterna de Fernando Pessoa morreu doida.


Uma das minhas complicações mentais – mais horrível do que as palavras podem exprimir – é o medo da loucura, o qual em si já é loucura. Encontro-me em parte no estado que Rollinat denuncia como seu no poema inicial das suas «Névroses». Impulsos, alguns deles criminosos, loucos outros, que chegam, por entre o meu sofrimento excruciante, a uma tendência horrível para a acção, uma terrível muscularidade, sentida nos músculos, quero eu dizer – eis coisas frequentes em mim, e o seu horror e intensidade – agora maiores do que nunca em número como em intensidade – são indescritíveis. (Fragmento 3010.08 – Armando Côrtes-Rodrigues)



"…Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida-real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar.

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