O passado é nada e o futuro pode ser tudo. Só o presente existe.
«Não tenho esperanças nem saudades.»
L. do D.
«Não tenho esperanças nem saudades.»
L. do D.
Breve sombra escura de uma árvore citadina, leve som de água caindo no tanque triste, verde da relva regular — jardim público ao quase crepúsculo —, sois, neste momento, o universo inteiro para mim, porque sois o conteúdo pleno da minha sensação consciente. Não quero mais da vida do que senti-la a perder-se nestas tardes imprevistas, ao som de crianças alheias que brincam nestes jardins engradados pela melancolia das ruas que os cercam, e copados, para além dos ramos altos das árvores, pelo céu velho onde as estrelas recomeçam.
13-6-1930
Livro do Desassossego por Bernardo Soares.Vol.I. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. - 186.
Apetecia-me dizer como Raul de Carvalho sobre Álvaro de Campos: "aquilo é demasiado meu para ser dele".
ResponderExcluirBeijinho.
Olá Josefa,
ResponderExcluirAgradeço a sua atenção em ler este blogue, que é quase terra de ninguém!...
Subscrevo o que disse Raul de Carvalho, Pessoa teve uma grande sabedoria metafísica (?) de dizer muito do que sentimos e outras gerações vão sentir. Sem grande reconhecimento em vida, ele tornou-se IMORTAL!?...
Beijinhos