Victor Willing
Lucian Freud
JUDEUS
A eliminação dos judeus sempre esteve no âmago da concepção nazi do mundo. Já em Setembro de 1919, Hitler dizia que o «afastamento» (Entfernung) devia ser o objectivo último de qualquer governo. Para ele, os judeus eram ao mesmo tempo responsáveis pela Primeira Guerra Mundial, pela Revolução Bolchevique e pelo capitalismo de Wall Street. Estas suas ideias concretizaram-se a partir de 1924 no seu livro Mein Kampf. Assolado pela humilhação da derrota de 1918, explica aí que, no início da Grande Guerra, se tivessem morto 19 mil «hebreus», o sacrifício de vidas alemãs teria sido evitado.
PROCESSO QUE FOI EVOLUINDO
Nos anos 30 a polícia nazi começou por expulsar os judeus da Alemanha.
A partir de 1939, antes de ser desencadeado o conflito, os nazis pensavam que a guerra conduziria à aniquilação física dos judeus. Mas ainda não sabiam como. O expansionismo alemão provoca a conquista de novos territórios com forte população judaica. Só na Polónia são 3 milhões. Que fazer com esses judeus? É encarada a criação de uma «reserva» na Polónia. Mas não havia espaço suficiente. Projecta-se a sua deportação para Madagáscar, o que evidencia uma vontade genocidária, Mas a Inglaterra tem o domínio dos mares e a ideia é abandonada. Durante o Inverno de 1940-41, enquanto a Alemanha prepara a operação Barbarossa (o ataque contra a União Soviética), examina-se a possibilidade de uma deportação dos judeus para as regiões árcticas da URSS, na sequência de uma vitória que os alemães ainda imaginam rápida. A ideia de um extermínio acelerado só surge quando a Alemanha se revela incapaz de vencer rapidamente a União Soviética.
O extermínio já tinha sido experimentado com os deficientes (projecto T4). A decisão de aplicar a eutanásia aos deficientes mentais e físicos foi tomada pela Chancelaria de o Führer. Os organizadores tinham gabinetes no número 4 da Tiergartentrasse em Berlim, daí a designação de projecto T4.
Foi lançado em 1939 e começou pela exterminação dos internados em asilos, considerados bocas inúteis, «indignos de viver». Hitler deu secretamente autorização escrita (no seu próprio papel timbrado e assinado pela sua mão) ao chefe da Chancelaria, Philipp Bouhler e ao seu médico pessoal, Karl Brandt, para o lançamento do programa eutanásia. Este programa conduziu à morte de c. 70 a 90 mil pessoas e termina com o mesmo secretismo em 1941, depois dos protestos do bispo de Munique. O T4 permitiu experimentar métodos de extermínio, nomeadamente gaseamento com monóxido de carbono, que também foram experimentados na Polónia oriental, no primeiro campo de extermínio: Belzec. Seguem-se os campos de Sobibor e Treblinka, que constituirão em 1942 o Aktion Reinhard (plano de extermínio de todos os judeus da Polónia), assim denominado em honra a Reinhard Heydrich.
Antes disso, no ataque à URSS, foram criados destacamentos especiais de forças da polícia, os Einsatzgruppen, para matarem todos os judeus do sexo masculino nas cidades conquistadas, depois massacram também mulheres e crianças.
Há conhecimento que tudo isto implicou em vários encontros de Hitler com Himmler, cujas conversas se ignoram, mas que se presume terem conduzido a uma radicalização do genocídio, cujo programa é eliminar todos os judeus presentes na Europa ocupada - A SOLUÇÃO FINAL.
A ideia de que o genocídio teria ocorrido contra a vontade de Hitler é totalmente absurda. Hitler esteve implicado em todo o processo: o boicote das lojas judaicas em 1933, as leis discriminatórias de Nuremberg em 1935 ,os progroms de 1938…Até 1945 não cessou de repetir a sua célebre «profecia» de 1939 em que, no sexto aniversário da sua chegada ao poder, previa que uma guerra conduziria não à destruição do Reich, mas à de toda a comunidade judaica.
COMO SOUBERAM OS ALIADOS DO GENOCÍDIO
As primeiras informações relativas ao massacre, foram interceptadas pelos serviços de informação britânicos em 1941, mas não davam uma visão do conjunto do genocídio. Em 1942 os governos, americano e britânico recebem um telegrama de Gerhart Riegner, representante do Congresso Judaico Mundial, na Suíça. Churchill e Roosevelt ficam informados. As informações são levadas a sério, embora alguns fiquem cépticos, relativamente ao que se está a passar na Polónia. Só com a guerra terminada, se perceberá o genocídio em todo o seu horror. Para os Aliados o genocídio não era uma prioridade, a prioridade era a vitória e o esmagamento da Alemanha nazi, que implicaria o fim do genocídio.
Fonte: Ian Kershaw ( uma das principais autoridades académicas, sobre Adolfo Hitler).
«AINDA PROCURO REALIZAR O MEU QUADRO PERFEITO»
Manuel Cargaleiro (84 anos)
«Estou-me completamente nas tintas para a crítica, não vivo para ela».
Um dos mais ou o mais prolixo dos pintores portugueses.
2 museus vão ser dedicados à sua obra, 1 em Castelo Branco que já abriu e outro em Seixal a abrir para o ano.
Manuel Cargaleiro (Chão das Servas, 16 de Março de 1927) pintor e ceramista.
Em 1949 participou no Primeiro Salão de Cerâmica organizado por António Ferro em Lisboa e, em 1952, realizou a primeira exposição individual de cerâmica organizado pelo então Secretariado Nacional de Informação (SNI).
Foi professor de cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa.
Em 1957 fixou residência em Paris onde está representado em permanência na Galeria Albert Loeb, mas a partir do último quartel do século XX passou a trabalhar em França e em Portugal.
A 31 de Janeiro de 1990 criou em Lisboa a Fundação Manuel Cargaleiro à qual doou um vasto conjunto das suas obras e a colecção constituída por objectos de várias temáticas. Possui um atelier na Fábrica Viúva Lamego, em Sintra, e, a partir de 1999, em Vietri sul Mare (província de Salerno, Itália) onde, em 2004, foi inaugurado o Museo Artistico Industriale Manuel Cargaleiro.
O HOMO SAPIENS, do Paleolítico Superior, em tempos que tudo era descoberta, viu no acto sexual preservação da espécie, mas também uma fonte de prazer.
Cenas de sexo oral gravadas nas paredes das grutas, ossos em forma de pénis (que poderão ter funcionado como dildos9, pequenas Vénus com vaginas recortadas, genitais dom tatuagens e piercings e cenas de sexo com animais, são apenas algum do repertório em pedra que dá conta deste fascínio datado de há quarenta mil anos e que integra agora a exposição SEXO EM PEDRA, patente na Fundação Atapuerca em Espanha. Uma das cenas de bestialismo - em que um homem surge de falo erecto atrás de uma cabra – faz inclusivamente parte das gravuras portuguesas de Foz Côa e terá sido gravada há cerca de 13 mil anos. Na gruta de Ribeira de Piscos, um homem de boca aberta em êxtase dedica-se à masturbação, enquanto uma terceira cena dá conta de um voyeur a observar um casal em plena cópula.
«As vulvas estão quase sempre na posição que se veria na mesa de um ginecologista e correspondem às mulheres, de mulheres jovens obesas ou de adultas, que tivessem tido muitos partos», adianta o urologista Javier Angulo que, juntamente com o arqueólogo Marcos Garcia, dedicou muitas horas a descobrir o significado de trezentas imagens e objectos pré-históricos encontrados em várias grutas europeias e anteriores à sedentarização da espécie humana. O especialista sublinha que tais representações não tinham que ver com pornografia ou exibicionismo, eram antes «uma coisa natural, relacionada com a excitação e os nascimentos».
Outras figuras de traços menos definidos sugerem a existência de relações homossexuais. Há imagens de coitos frontais, dorsais, de pernas levantadas, em pé e deitados, metendo sexo oral, manual e animais. Segundo Marcos Garcia «Não inventamos nada desde então».
Notícias Magazine - Ana Pago
Lo Fatal
Dichoso el árbol, que es apenas sensitivo,
y más la piedra dura porque esa ya no siente,
pues no hay dolor más grande que el dolor de ser vivo,
ni mayor pesadumbre que la vida consciente.
Ser y no saber nada, y ser sin rumbo cierto,
y el temor de haber sido y un futuro terror...
Y el espanto seguro de estar mañana muerto,
y sufrir por la vida y por la sombra y por
lo que no conocemos y apenas sospechamos,
y la carne que tienta con sus frescos racimos,
y la tumba que aguarda con sus fúnebres ramos,
¡y no saber adónde vamos,
ni de dónde venimos!...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rub%C3%A9n_Dar%C3%ADo
POEMAS
http://www.poemas-del-alma.com/ruben-dario.htm
Guilhermina Suggia (Porto 1885-Porto1949)
Aos 7 anos aprendeu violoncelo com o seu pai, Augusto de Medim Suggia, violoncelista do Real Teatro São Carlos. Mais tarde foi estudar para o Conservatório de Leipzig, na Alemanha, com uma bolsa dada pela Rainha D. Amélia.
Atingiu grande sucesso, fazendo uma carreira internacional, como poucas mulheres nessa época. Londres foi o centro da sua actividade musical.
Com Pablo Casals formou o célebre «duo ibérico» e viveram juntos durante sete anos.
Regressou ao Porto no fim dos anos quarenta, dirigindo o naipe de violoncelos da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, desempenhando também um importante papel pedagógico. Os seus instrumentos predilectos eram um Stradivarius e um Montagnana. O Montagnma, que foi comprado pela Câmara do Porto, é cedido ao vencedor até à edição seguinte, que se realiza de dois em dois anos.
Ildikó Szabó, que nasceu na Hungria, tocou o Concerto para violoncelo e orquestra nº.1 de Dimitri Chostakovitch;
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Jacob Shaw, que nasceu na Inglaterra, tocou o Concerto para Violoncelo e orquestra em Si menor, de Antonín Dvorák e Michael Petrov, natural da Bulgária tocou a Sinfonia Concertante de Sergei Prokofieff.
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O júri constituído pela presidente honorária, a violoncelista Madalena Sá e Costa, pelos violoncelistas David Gerings e Paulo Gaio Lima e ainda pelo pianista Pedro Burmester, deliberaram entregar o prémio a Michael Petrov e apesar da grande qualidade dos outros participantes não foi nenhuma surpresa!
*A presença aqui de Mstislav Rostropovitch, é natural, na medida em que estas duas obras foram compostos, para este virtuoso violoncelista.
Do realizador Marco Martins, vi o seu primeiro filme «ALICE» (2005) que teve bastante sucesso, mantendo um suspense constante, apesar da história ser «magra»! «Alice» é de facto um filme inesquecível, onde se destaca a soberba interpretação de Nuno Lopes, a banda sonora de Bernardo Sassetti e a direcção de fotografia de Carlos Lopes.
Tive oportunidade agora de ver o seu segundo filme «Como Desenhar Um Circulo Perfeito». Filme que aborda a ruptura dos conceitos família/relação. História limite, história no limite. Como diz Marco Martins:«Quando estava a escrever o argumento, descobri no YouTube que havia um campeonato mundial de desenho de círculos perfeitos e pareceu-me que seria uma metáfora perfeita e muito forte para a personagem do Guilherme e para sugerir que eles estão presos dentro de um desses círculos.»
Sinopse: Numa velha e decrépita mansão, os gémeos Guilherme e Sofia cresceram a partilhar experiências e, aos poucos, vão descobrindo a sua sexualidade. Existe uma avó excêntrica, fanática pelo poker, uma mãe pouco presente e um pai ausente… Guilherme, incapaz de lidar com o amor não correspondido da sua irmã e das relações que ela mantém com outros rapazes, acaba por fugir de casa. Refugia-se em casa do pai, que vive isolado, imerso num mundo quase autista. Guilherme descobre então que a vida não cabe num círculo perfeito e volta para casa. Quando os gémeos se reencontram, surge finalmente o amor. De forma íntima e silenciosa, o filme oferece o prazer da exploração dos limites, criando um universo fechado e claustrofóbico, inocente e contagiante na simplicidade das suas emoções.
Há obsessões que não largam Marco Martins, que não descansou enquanto não aprendeu a desenhar círculos perfeitos, da mesma forma que não descansa das histórias tristes, que chegam ao ecrã ainda mais tristes. Desta vez, escreveu a meias com Gonçalo M. Tavares e realizou uma história de gémeos, incestos e círculos perfeitos. Outra vez soturna, melancólica, claustrofóbica.
Para MM, o cinema é uma conversa que vai continuando, assim voltou a convidar os actores Beatriz Batarda e Gonçalo Waddington e dois jovens actores, para cenas intensas e delicadas.
Para o realizador as cenas de sexo raramente acrescentam alguma coisa, têm um carácter voyeurista, acessório, previsível. Regra geral, são banais, por isso quis uma cena mais interior. Aqui era a primeira vez que eles tinham uma relação sexual... uma relação sexual entre dois irmãos. Era algo extremamente perturbador. Não queria que fosse uma cena vulgar, mas queria explorá-la, porque é raro ter-se a oportunidade de fazer uma cena assim. Precisou de os contextualizar e mostrou-lhe filmes, como: Bresson, Gus Van Sant, o "Les Enfants Terribles".
Confesso que sou obcecado por personagens obsessivas. Opto sempre por filmar no Inverno, o que torna os filmes mais escuros. O lado radioso de Lisboa lembra sempre os clichés - os bairros típicos, as sete colinas, as imagens dos postais - e esse lado não me apetece filmar. Tenho um lado lunar muito vincado, que é também onde me sinto melhor a criar.