O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 26 de julho de 2011

A ENGRENAGEM DO GENOCÍDIO...

JUDEUS

A eliminação dos judeus sempre esteve no âmago da concepção nazi do mundo. Já em Setembro de 1919, Hitler dizia que o «afastamento» (Entfernung) devia ser o objectivo último de qualquer governo. Para ele, os judeus eram ao mesmo tempo responsáveis pela Primeira Guerra Mundial, pela Revolução Bolchevique e pelo capitalismo de Wall Street. Estas suas ideias concretizaram-se a partir de 1924 no seu livro Mein Kampf. Assolado pela humilhação da derrota de 1918, explica aí que, no início da Grande Guerra, se tivessem morto 19 mil «hebreus», o sacrifício de vidas alemãs teria sido evitado.

PROCESSO QUE FOI EVOLUINDO

Nos anos 30 a polícia nazi começou por expulsar os judeus da Alemanha.

A partir de 1939, antes de ser desencadeado o conflito, os nazis pensavam que a guerra conduziria à aniquilação física dos judeus. Mas ainda não sabiam como. O expansionismo alemão provoca a conquista de novos territórios com forte população judaica. Só na Polónia são 3 milhões. Que fazer com esses judeus? É encarada a criação de uma «reserva» na Polónia. Mas não havia espaço suficiente. Projecta-se a sua deportação para Madagáscar, o que evidencia uma vontade genocidária, Mas a Inglaterra tem o domínio dos mares e a ideia é abandonada. Durante o Inverno de 1940-41, enquanto a Alemanha prepara a operação Barbarossa (o ataque contra a União Soviética), examina-se a possibilidade de uma deportação dos judeus para as regiões árcticas da URSS, na sequência de uma vitória que os alemães ainda imaginam rápida. A ideia de um extermínio acelerado só surge quando a Alemanha se revela incapaz de vencer rapidamente a União Soviética.

O extermínio já tinha sido experimentado com os deficientes (projecto T4). A decisão de aplicar a eutanásia aos deficientes mentais e físicos foi tomada pela Chancelaria de o Führer. Os organizadores tinham gabinetes no número 4 da Tiergartentrasse em Berlim, daí a designação de projecto T4.

Foi lançado em 1939 e começou pela exterminação dos internados em asilos, considerados bocas inúteis, «indignos de viver». Hitler deu secretamente autorização escrita (no seu próprio papel timbrado e assinado pela sua mão) ao chefe da Chancelaria, Philipp Bouhler e ao seu médico pessoal, Karl Brandt, para o lançamento do programa eutanásia. Este programa conduziu à morte de c. 70 a 90 mil pessoas e termina com o mesmo secretismo em 1941, depois dos protestos do bispo de Munique. O T4 permitiu experimentar métodos de extermínio, nomeadamente gaseamento com monóxido de carbono, que também foram experimentados na Polónia oriental, no primeiro campo de extermínio: Belzec. Seguem-se os campos de Sobibor e Treblinka, que constituirão em 1942 o Aktion Reinhard (plano de extermínio de todos os judeus da Polónia), assim denominado em honra a Reinhard Heydrich.

Antes disso, no ataque à URSS, foram criados destacamentos especiais de forças da polícia, os Einsatzgruppen, para matarem todos os judeus do sexo masculino nas cidades conquistadas, depois massacram também mulheres e crianças.

Há conhecimento que tudo isto implicou em vários encontros de Hitler com Himmler, cujas conversas se ignoram, mas que se presume terem conduzido a uma radicalização do genocídio, cujo programa é eliminar todos os judeus presentes na Europa ocupada - A SOLUÇÃO FINAL.

A ideia de que o genocídio teria ocorrido contra a vontade de Hitler é totalmente absurda. Hitler esteve implicado em todo o processo: o boicote das lojas judaicas em 1933, as leis discriminatórias de Nuremberg em 1935 ,os progroms de 1938…Até 1945 não cessou de repetir a sua célebre «profecia» de 1939 em que, no sexto aniversário da sua chegada ao poder, previa que uma guerra conduziria não à destruição do Reich, mas à de toda a comunidade judaica.

COMO SOUBERAM OS ALIADOS DO GENOCÍDIO

As primeiras informações relativas ao massacre, foram interceptadas pelos serviços de informação britânicos em 1941, mas não davam uma visão do conjunto do genocídio. Em 1942 os governos, americano e britânico recebem um telegrama de Gerhart Riegner, representante do Congresso Judaico Mundial, na Suíça. Churchill e Roosevelt ficam informados. As informações são levadas a sério, embora alguns fiquem cépticos, relativamente ao que se está a passar na Polónia. Só com a guerra terminada, se perceberá o genocídio em todo o seu horror. Para os Aliados o genocídio não era uma prioridade, a prioridade era a vitória e o esmagamento da Alemanha nazi, que implicaria o fim do genocídio.

Fonte: Ian Kershaw ( uma das principais autoridades académicas, sobre Adolfo Hitler).

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ian_Kershaw

Nenhum comentário:

Postar um comentário