O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sábado, 23 de julho de 2011

PAULA REGO

Paula Rego tem dois ateliers, um pequeno em Portugal (Cascais) e outro em Londres, em Kentish Town, que tem 400 metros quadrados e está a poucos minutos da sua casa. Diz que é o seu mundo, o seu universo, a casa de brinquedos, tudo… De segunda a sábado está lá das 11 às 18.30…É bem uma casa de brinquedos porque por lá se encontram bonecas, trajes, esqueletos manequins, quinquilharia variada… gosta de montar cenários. Monta o cenário e depois coloca lá os seus modelos habituais Lila e Tony.


Gosta de silêncio para criar…basta-lhe ter os dois modelos.
O seu processo criativo passa pela leitura de textos que motivam os primeiros desenhos…de imediato ao entrar no atelier liga a música. «A música é obrigatória, posso começar a trabalhar com Verdi e acabar com fado…
Encara o seu trabalho de uma forma religiosa :«pintar faz parte de mim…sem pintura ia parar ao manicómio…criar é uma necessidade, além do mais, mental».
Os quadros de Paula Rego, expõem com uma grande franqueza, sofrimento e violência. A pintora disse que algumas coisas foram vividas por si e outras passaram ao seu lado. Quando pintou os seus quadros sobre o aborto isso foi no intuito de intervenção social, porque viveu entre mulheres de pescadores, que lhe vinham pedir dinheiro para fazer um aborto. Dava, mas não sabia o que iam fazer, algumas morriam! Era um grande sofrimento. A legalização do aborto foi tardia em Portugal.
Outro problema que a preocupa é não só a violência física sobre as mulheres, mas também a violência moral.
«Era assim a educação das crianças: «A menina não tem opinião, não pode falar à mesa». É muito difícil libertarmo-nos disto. Mesmo agora quando tenho que dizer qualquer coisa em público tenho vergonha, penso «a menina não deve estar a falar alto». Essas coisas não passam, ficam cá».
Paula Rego interessa-se pelas histórias dos santos, especialmente santas, porque seguem o seu caminha, mesmo que as torturem. Não gosta muito de igrejas, nem do Papa, mas gosta muito de santas.
A pintora admite ter medo e é através da pintura que dá cara ao medo. Desde criança que tem medo da escuridão. Adora os contos tradicionais e considera que os portugueses são os mais duros e cruéis.
Sobre o erotismo, já lhe interessou mais do que agora.
Gosta do acto físico de desenhar com lápis ou pastel, embora o lápis seja mais rigoroso, mais preciso e magoa mais. «Pode magoar, é um pico, uma ferida, magoa e corta! O pincel faz festas».

EXPOSIÇÕES DE PAULA REGO:
PORTO – FUNDAÇÃO EDP: 2 EXPOSIÇÕES:
«MY CHOICE», 87 OBRAS DE DIFERENTES ARTISTAS DA COLECÇÃO British Council, escolha pessoal da pintora. Neste conjunto de obras está o pintor Lucien Freud (1922-2011) [http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucian_Freud], que morreu no dia 22 de Julho e em sua homenagem deixo aqui uma das suas pinturas que motivou maior polémica.


«CAÇADORA FURTIVA», que mostra 13 trabalhos que Paula Rego desenvolveu na preparação do painel «O Jardim de Crivelli», na Notional Gallery, de Londres
LISBOA: CASA DAS HISTÓRIAS: «OROTÓRIO» «O corpo tem mais cotovelos» - «CAIXA DE ESMOLAS» (para ajudar o museu que atravessa dificuldades financeiras).

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