Paula Rego tem dois ateliers, um pequeno em Portugal (Cascais) e outro em Londres, em Kentish Town, que tem 400 metros quadrados e está a poucos minutos da sua casa. Diz que é o seu mundo, o seu universo, a casa de brinquedos, tudo… De segunda a sábado está lá das 11 às 18.30…É bem uma casa de brinquedos porque por lá se encontram bonecas, trajes, esqueletos manequins, quinquilharia variada… gosta de montar cenários. Monta o cenário e depois coloca lá os seus modelos habituais Lila e Tony.
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Gosta de silêncio para criar…basta-lhe ter os dois modelos.
O seu processo criativo passa pela leitura de textos que motivam os primeiros desenhos…de imediato ao entrar no atelier liga a música. «A música é obrigatória, posso começar a trabalhar com Verdi e acabar com fado…
Encara o seu trabalho de uma forma religiosa :«pintar faz parte de mim…sem pintura ia parar ao manicómio…criar é uma necessidade, além do mais, mental».
Os quadros de Paula Rego, expõem com uma grande franqueza, sofrimento e violência. A pintora disse que algumas coisas foram vividas por si e outras passaram ao seu lado. Quando pintou os seus quadros sobre o aborto isso foi no intuito de intervenção social, porque viveu entre mulheres de pescadores, que lhe vinham pedir dinheiro para fazer um aborto. Dava, mas não sabia o que iam fazer, algumas morriam! Era um grande sofrimento. A legalização do aborto foi tardia em Portugal.
Outro problema que a preocupa é não só a violência física sobre as mulheres, mas também a violência moral.
«Era assim a educação das crianças: «A menina não tem opinião, não pode falar à mesa». É muito difícil libertarmo-nos disto. Mesmo agora quando tenho que dizer qualquer coisa em público tenho vergonha, penso «a menina não deve estar a falar alto». Essas coisas não passam, ficam cá».
Paula Rego interessa-se pelas histórias dos santos, especialmente santas, porque seguem o seu caminha, mesmo que as torturem. Não gosta muito de igrejas, nem do Papa, mas gosta muito de santas.
A pintora admite ter medo e é através da pintura que dá cara ao medo. Desde criança que tem medo da escuridão. Adora os contos tradicionais e considera que os portugueses são os mais duros e cruéis.
Sobre o erotismo, já lhe interessou mais do que agora.
Gosta do acto físico de desenhar com lápis ou pastel, embora o lápis seja mais rigoroso, mais preciso e magoa mais. «Pode magoar, é um pico, uma ferida, magoa e corta! O pincel faz festas».
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EXPOSIÇÕES DE PAULA REGO:
PORTO – FUNDAÇÃO EDP: 2 EXPOSIÇÕES:
«MY CHOICE», 87 OBRAS DE DIFERENTES ARTISTAS DA COLECÇÃO British Council, escolha pessoal da pintora. Neste conjunto de obras está o pintor Lucien Freud (1922-2011) [http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucian_Freud], que morreu no dia 22 de Julho e em sua homenagem deixo aqui uma das suas pinturas que motivou maior polémica.
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«CAÇADORA FURTIVA», que mostra 13 trabalhos que Paula Rego desenvolveu na preparação do painel «O Jardim de Crivelli», na Notional Gallery, de Londres
LISBOA: CASA DAS HISTÓRIAS: «OROTÓRIO» «O corpo tem mais cotovelos» - «CAIXA DE ESMOLAS» (para ajudar o museu que atravessa dificuldades financeiras).
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