O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quarta-feira, 28 de maio de 2014

CÉLINE



Louis-Ferdinand Céline, pseudónimo de Louis-Ferdinand Destouches, conhecido simplesmente por Céline (Coubervoie, 27 de Maio de 1894 - 1 de Julho de 1961), escritor e médico francês.
Nasceu no seio de uma família da classe média baixa, fez a instrução escolar básica, foi incorporado no exército francês em 1912 e por ter levado a cabo uma missão de reconhecimento arriscada, no curso da qual foi ferido com gravidade, foi condecorado com a Medalha militar, e posteriormente com a Cruz de guerra.
Casou e descasou em Londres, esteve nos Camarões a trabalhar numa empresa Francesa de madeiras e depois na Bretanha a trabalhar na Fundação Rockefeller completou os seus estudos secundários, Casou com Edith Follet, filha do director da escola de medicina de Rennes. Céline recebeu a licenciatura em Medicina e abandonou definitivamente a sua família e sob a égide da Liga das Nações foi viajar.
Em 1928 instalou um consultório privado em Montmartre especializando-se em obstetrícia, mas abandonou a clínica privada, por um cargo público de dispensário e em 1932, completou Voyage au bout de la nuit (Viagem ao fundo da noite) e por pouco não recebeu o prémio Goncourt, tendo recebido posteriormente o Prémio Renaudot.
A sua obra mais aclamada é Viagem ao fim da noite, que estabelece uma rotura com a literatura da época, pela utilização do calão e linguagem vulgar de um modo mais consistente, do que outros escritores haviam tentado, nomeadamente Zola. Escreveu depois, vários livros. Céline defendeu abertamente o anti-semitismo, Sartre acusou-o de ter colaborado com os Nazis, o que não corresponde à verdade.
Após a queda do regime de Vichy, escapou para a Alemanha na companhia de Pétain e Pierre Laval. Após a queda do regime nazi fujiu para a Dinamarca, tendo sido julgado à revelia em França e condenado a um ano de prisão, considerado uma "vergonha pública". Amnistiado, retornou a França em 1951.
Só em 1957 recuperou a notoriedade, com a trilogia relativa à sua estadia na Alemanha. Nessa altura tornou-se um ídolo da chamada «beat generation» .

O seu pensamento niilista é marcado por acentos heróico-cómicos e épicos e por uma grande força e vivacidade. Céline revolucionou o romance tradicional, brincando com os ritmos e sons, no que se chamou de "pequena música". Com o seu vocabulário ao mesmo tempo vulgar e científico, é também dotado de uma terrível lucidez, oscilante entre desespero e humor, violência e ternura, revolução estilística e real revolta.
O seu primeiro romance, Viagem ao fim da noite, foi construído em torno de dois eixos. O primeiro refere-se à descoberta pelo narrador-personagem de um mundo onde a paz e o amor entre os povos parecem impossíveis, devido às guerras, à colonização, à exploração industrial, por toda a parte. O segundo eixo, é um prolongamento do primeiro. Confirma o essencial: "o amor é impossível hoje". Céline interpreta assim o pensamento de Arthur Schopenhauer.

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