Nome: Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho
Pseudónimo: Cristovam Pavia
Nascimento: 7-10-1933, Lisboa
Morte: 13-10-1968, Lisboa
Cristovam Pavia, foi reeditado, motivo que me levou aos meus livros, para reler a sua poesia.
«A poesia de Cristovam Pavia é a de revelação de si próprio, duma personalidade em conflito com o mundo em que vive e que procura uma fuga pela recuperação da infância morta, pela aceitação do seu conhecer-se diferente e despojado do que lhe é mais caro (a infância, o amor, o espaço e o tempo em que ambos se situavam), a transformação do seu próprio ser pelo sofrimento, num movimento de ascese e de autodestruição, quando o poeta atinge a consciência de si próprio e da sua voz».
José BentoCírculo de Poesia, Moraes Editores, Lisboa, 1982
POEMA VESPERAL
.
Dizem que não tenho idade para estar cansado.
Digo que não tenho idade para estar cansado.
Mas eu estou irremediavelmente cansado…
Não sei se conheço ou não a vida
Toda gente diz que não, que é impossível…)
Contudo, estou cansado.
.
Representei
E cansei-me; e desatei a gritar tudo…toda a verdade.
.
Febrilmente gritei; rasguei máscaras, cuspi más caras…
Agora até disso estou cansado
E nem leio o meu Baudelaire…o Príncipe de todos.
.
Experimentei «tomar alegria»,
Ouvir danças bárbaras,
Ver danças bárbaras,
Grandes contorsões modernas,
Sabiam falso…
.
Mais tarde descobri morto aquele-menino-que-fui.
Chorei…tive saudades…ali, puro menino saudável…
_Cansei saudades e lágrimas também…
Estou muito cansado.
.
Só interessa ir para a cama
E dormir…
.
Dormir bem….
MELANCOLIA.
Quando eu estiver convalescente
Daquela doença tão sonhada,
E tão magoada e tão minha;
_virás na luz violeta da tarde…
E em silêncio,
Naquela hora indecisa,
Pousarás como uma brisa
Sobre meus olhos cerrados…
Dizem que não tenho idade para estar cansado.
Digo que não tenho idade para estar cansado.
Mas eu estou irremediavelmente cansado…
Não sei se conheço ou não a vida
Toda gente diz que não, que é impossível…)
Contudo, estou cansado.
.
Representei
E cansei-me; e desatei a gritar tudo…toda a verdade.
.
Febrilmente gritei; rasguei máscaras, cuspi más caras…
Agora até disso estou cansado
E nem leio o meu Baudelaire…o Príncipe de todos.
.
Experimentei «tomar alegria»,
Ouvir danças bárbaras,
Ver danças bárbaras,
Grandes contorsões modernas,
Sabiam falso…
.
Mais tarde descobri morto aquele-menino-que-fui.
Chorei…tive saudades…ali, puro menino saudável…
_Cansei saudades e lágrimas também…
Estou muito cansado.
.
Só interessa ir para a cama
E dormir…
.
Dormir bem….
MELANCOLIA.
Quando eu estiver convalescente
Daquela doença tão sonhada,
E tão magoada e tão minha;
_virás na luz violeta da tarde…
E em silêncio,
Naquela hora indecisa,
Pousarás como uma brisa
Sobre meus olhos cerrados…
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