O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

EROTISMO, PORNOGRAFIA… CULTURA E ARTE!...

Sou confrontada constantemente com definições, de uma coisa ou outra, sobre determinados assuntos, onde é dominante a moral das religiões, sendo mais acutilante deste lado, a católica. Parece que nasci com o pecado colado a mim, eu que até considero nem ter pecados! Tratando-se de matéria sexual isso é por demais evidente. O sexo é algo cheio de tabus, quando afinal o sexo é tão natural, como comer ou beber. O erotismo, é considerada coisa perigosa, mas ainda assim tolerada, ela entra todos os dias pela nossa casa através do spot publicitário e a pornografia, é considerada licenciosa, perversa e promíscua, mas mantém um mercado comercial, economicamente muito rentável, pela grande procura.
Ah sociedade hipócrita e cheia de moralismos ressabiados!..


Esta pintura de Courbet, aparecia, como capa de uma revista de arte e foi aprendida, não há muito tempo, numa cidade de província, pela polícia, considerada como pornográfica, quando apenas representa o corpo de uma mulher nua e com um título muito adequado. E que dizer então do objecto artístico de actividade sexual explícita, que a que chamam pornografia? A sexualidade explícita e sugestiva é uma forma de arte tão antiga quanto todas outras, em suportes diversos: frescos, pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, fotos, filmes…
O retrato da nudez e da sexualidade humana tiveram início na era paleolítica (ex. as figuras de Vénus). Existem inúmeras pinturas eróticas nas paredes de Pompeia, na Itália. Na Alemanha arqueólogos encontraram, em 2005, uma figura pornográfica de cerca de 7200 anos, de um homem sobre uma mulher, sugerindo um acto sexual.
Não vejo diferenças entre erotismo e pornografia, na arte. Eu aprecio da mesma maneira uma imagem onde é sugerido um acto sexual e aquela que efectivamente o mostra. Eu penso mesmo que a pornografia está nos olhos de quem vê, segundo a sua própria mentalidade.




Recentemente chegou-me às mãos o livro de Pietro Aretino (1492-1556), os Sonetos Luxuriosos, obra realmente audaz na linguagem que usa, alguns dos seus sonetos, podem ser lidos em:

No entanto Aretino, foi protegido e respeitado pelos nobres, que temiam a sua grande influência pessoal e a mordacidade dos seus escritos. Era admirado por personalidades, como o Papa Leão X, o que lhe garantia uma vida de rei, como ele mesmo gostava de dizer: "Figlio di cortigiana con anima di re"
Viveu num estado de liberdade jamais conferido a outro homem da sua época. De forma ousada e pouco convencional para os padrões literários desse período, atacou nobres e clérigos, de tal maneira, que ficou conhecido na história pela alcunha, "Flagelo dos Príncipes".
A ilação é sempre a mesma, a sociedade é de uma grande hipocrisia!
Aretino, levou-me a Agostino Carracci (ou Caracci) (Bolonha, 1557 — Parma, 1602), pintor e gravador italiano, da famosa família dos Carracci, que também fez gravuras pornográficas para o livro de Aretino, como se pode ver neste vídeo:
AQUI

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