Gustave Mahler quando compôs, A Canção da Terra, obra de absoluta resignação perante o destino, três desgraças tinham acontecido na sua vida: a morte da filha, a campanha anti-semita que o obrigou a demitir-se de director da Ópera Imperial de Viena e a descoberta pelos médicos da sua malformação cardíaca incurável. Neste período de incerteza e sofrimento Mahler começou a ler alguns poemas da Flauta Chinesa, ancestral poesia da dinastia Tang e escolheu os poemas mais tristes para musicar. A mensagem de A Canção da Terra é de resignação, de solidão absoluta, de impossibilidade de realização pessoal, de certeza da morte e da incapacidade de mudar o mundo. Acabou esta obra em 1909 e morreu dois anos depois.
O sol põe-se por detrás das montanhas, a noite cai sobre o vale, a lua navega, tal como uma barca, no escuro mar celeste. Uma ligeira brisa acaricia os pinheiros sombrios, o rouxinol canta harmoniosamente, as flores empalidecem: a terra respira com calma. Homens cansados refrescam a casa: o sono vai restituir-lhes a alegria esquecida, a juventude perdida. Dois amigos despedem-se: «Para onde vais, e porquê esta viagem? pergunta o que fica. «Oh! Amigo, nesta terra a felicidade não quis nada comigo. Errante, vagabundeando pelas montanhas, vou à procura de repouso para o meu coração solitário.»
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