In Itinere é construído como um percurso, em várias dimensões: o percurso do próprio artista na construção da sua obra ao longo do tempo e dos vários ciclos que a compõem, o processo de preparação da exposição em Serralves e o itinerário do visitante através das salas do Museu.
José Barrias (1944) é um artista português residente em Milão que inicia o seu trabalho no início da década de 70, construindo narrativas visuais através do desenho, da pintura, da fotografia e da instalação. A memória íntima articula-se com a memória dos lugares e da História nos seus trabalhos. O tempo como passagem é convocado a partir da acumulação de vestígios e de referências onde a composição visual resulta da convergência das imagens e das histórias. O romance filosófico adquire assim a dimensão de um romance visual. Ou de “quase um romance…”, como diria Barrias, que assume o inacabado como condição da obra aberta que as suas narrativas constituem.
Espaço onde predominam frases de vários escritores e de si próprio, desenhos nas paredes e alguns dos seus quadros...
O JARDIM DOS ENGANOS - Este quadro para todos que o viram era associado a um jardim, mas foi uma forma de reproduzir uma longa greve dos lixeiros em Milão, que teve grande impacto para o artista.
Este espaço, é muito interessante e foi-lhe dado o nome de «Loja de Curiosidades», em alusão às lojas de curiosidades existentes, antes de surgirem os museus e que eram mais de acumulação do que de qualificação. Aqui se encontram os objectos que Barrias foi acumulando durante a vida, que comprou, que lhe foram dados, que trouxe de sítios diversos...os objectos emocionais de uma vida! Eu também tenho a minha loja de curiosidades dispersa pelos meus espaços...
“Off the Wall / Fora da Parede”, organizada pelo Whitney Museum of American Art de Nova Iorque e comissariada por Chrissie Iles, co-curadora das edições de 2004 e 2006 da célebre Whitney Biennial of American Art.
Na arte do século XX, inúmeros artistas cruzaram géneros e formas de expressão, reinventando os modos de produção artística. A obra de arte deixa de ser apenas uma pintura ou um desenho para pendurar numa parede ou uma escultura para apresentar em cima de um plinto. As artes visuais reúnem-se ao cinema, à fotografia, à experimentação sonora e às artes do movimento em novas linguagens que não cessam de se redefinir. Dos célebres Ballets Russes do princípio do século XX a coreógrafos contemporâneos como Merce Cunningham, Trisha Brown, Yvonne Rainer, Steve Paxton ou Deborah Hay, encontramos uma história riquíssima resultante de tais cruzamentos. As artes do espaço cruzam-se deste modo com as artes do tempo (todas as artes performativas mais aquelas que envolvem a imagem em movimento).
A exposição “Off the Wall / Fora da Parede” reúne mais de uma centena de obras, algumas provenientes da Colecção da Fundação de Serralves. Serão apresentados trabalhos de reconhecidos artistas como Carl Andre, John Baldessari, Jenny Holzer, Joan Jonas, Roy Lichtenstein, Robert Longo, Robert Mapplethorpe, Paul McCarthy, Bruce Nauman, Yoko Ono, Claes Oldenburg, Dennis Oppenheim, Tony Oursler, Richard Serra, Cindy Sherman e Andy Warhol, entre tantos outros.
“Off the Wall / Fora da Parede” centra-se em acções que usam o corpo ao vivo, em frente da câmara ou em relação a uma superfície fotográfica ou impressa, ou a um desenho. Cada acção desloca o local da obra de arte do objecto para o corpo, funcionando em relação a, ou directamente sobre, o espaço físico da galeria. A parede e o chão tornam-se o palco de todas essas acções: caminhar na parede, bater com portas, bater com as mãos na parede, apanhar serradura do chão do estúdio, pisar um quadro, dar longas passadas e rastejar em volta de um espaço cilíndrico, escrever ou desenhar na parede e no chão, ou fazer um striptease por detrás do plano transparente do Grand Verre de Duchamp.
A exposição inclui também uma série de obras que revelam a teatralidade subjacente ao acto performativo e aos modos como os artistas apresentam o eu em imagens que questionam convenções relativas a identidade, género e corpo. Como aponta a curadora Chrissie Iles, “Os gestos performativos reunidos nesta exposição demonstram aquilo que pode ser descrito como a fase decisiva do modernismo, nas suas diversas rupturas do espaço autónomo da pintura e do desenho e da sua localização original – o plano da parede da galeria. O seu pai edipiano foi Jackson Pollock, cujas drip paintings dos anos 1950, executadas caminhando em volta de uma tela colocada na horizontal, sobre o chão do estúdio, levaram Harold Rosenberg a observar na época que ‘a dado momento, a tela passa a ser, para um sucessão de artistas americanos, um palco onde se actua… o que vai para a tela não é uma pintura, mas sim um acontecimento’”.
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