O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

segunda-feira, 15 de março de 2010

FERNANDO PESSOA vs ANTÓNIO BOTTO

FERNANDO PESSOA SOBRE ANTÓNIO BOTTO

O livro «Ciúme» de António Botto representa uma nova fase da sua fase de sempre. Certos elementos, dos que compõem a essência dos seus poemas, emergem neste livro mais declarada ou distintivamente do que em seus livros anteriores. É esta a diferença, que poderá ser tida por pequena ou por grande consoante a sensibilidade de cada um e a reacção dessa sensibilidade perante uns e outros poemas — os da fase anterior e os da presente.
De um modo geral, ainda que concreto, pode dizer-se que a obra poética de António Botto gira e se anima em torno de quatro ideias, ou estados mentais — a emoção sem paixão, a inteligência das superfícies, o sentimento contraditório, e a ironia emotiva. Estes quatro elementos não são, porém, diversos, desconexos ou simplesmente justapostos: derivam de um mesmo fundo temperamental, que por todos eles igual e concordantemente se manifesta.
Por emoção sem paixão entendo, como sem dificuldades entenderá qualquer, que os estados emotivos do poeta não comportam, nem envolvem, nenhum aprofundamento ou intensificação. António Botto não analisa emotivamente as suas emoções, nem de tal modo nelas se concentra que automaticamente se animem, aqueçam, se convertam em paixões.
Com análise emotiva das emoções — oposição implícita à análise intelectual delas — quero significar aquele estado em que o poeta, ou homem, se concentra sonhadoramente no que sente, e assim o multiplica, o desdobra, o sente diversa e divididamente. Tal estado merece o nome de paixão, não porque envolva intensidade, mas porque implica absorção. Em António Botto não se dá tal estado. As suas emoções são simples e directas, embora os seus sentimentos — isto é, os prolongamentos temperamentais dessas emoções — sejam porventura complicados. Isto, porém, é já outro assunto, de que mais adiante se tratará.
Se não existe em António Botto essa análise emotiva das emoções, tão-pouco existe, ainda menos existe a paixão propriamente dita — aquela exaltação da emoção por meio da qual esta exclui todo outro elemento, e, concentrando-se num ponto ou fito, imprime ao espírito uma unidade emotiva.
Por inteligência das superfícies entendo, como é intuitivo, aquela inteligência que se preocupa tão-somente com os aspectos exteriores das coisas — quer os seres externos, a que comummente chamamos coisas, quer aqueles seres internos, que são as nossas ideias e emoções. Se António Botto pouco se preocupa com a análise emotiva das suas emoções, tão-pouco, ou menos ainda, se preocupa com a análise intelectual delas. Deixa-as passar e fita-as bem. Se por vezes lhes desdobra os mantos, todavia nunca as interroga. «Deixa-me ver como és por fora», diz ele a cada coisa que sente.
Isto ficará mais claro, ou, se se preferir, menos obscuro, se compararmos a acção da inteligência das superfícies com a dos outros tipos de inteligência, a que podemos chamar a inteligencia de aprofundamento e a inteligencia de definição. A primeira busca ir até ao fundo das coisas, à alma e essência dos seres, e pode ser intuitiva e é até por isso mesmo extra-intelectual. A segunda, atenta ao mesmo fito, não pretende consegui-lo por um processo de sondagem, mais análogo à visão que ao entendimento: procura antes, por uma análise paciente da superfície, deduzir dela o fundo, ver nela não o que ela é, mas o que simboliza ou figura. Por isso, na exposição, a inteligência de aprofundamento é normalmente gnómica ou analógica a de definição normalmente raciocinada ou discursiva. E que esta vive mais do processo do que do intuito dele.
É evidente que a inteligência de definição de pouco ou nada serve a um poeta; o seu ritmo é de natureza oposta ao ritmo da emoção, em que a poesia assenta: dá-se uma interferência de ondas, e portanto uma anulação de efeitos, como em Boileau ou Pope, que são prosadores em verso. E a inteligência de aprofundamento, se deveras pode servi-lo muitas vezes estorva com o que dá e confunde com o que afirma; são duas visões simultâneas — uma do fundo, outra da superfície; só quando, o que é raro, exactamente se sobrepõem, surge, como no «Kubla Khan» de Coleridge, uma grande obra de arte, e então como que sobrenatural. Uma e outra valem mais, para o poeta, nos seus reflexos do que nas suas presenças: servem-no desde que ele se não sirva delas. Assim Poe, prodigioso raciocinado, escreveu poemas admiráveis, sem sombra de raciocínio porque sabia raciocinar: o raciocínio ausente está presente no facto de esses poemas não serem, como em substância são, simples loucura. Assim Shakespeare, prodigioso aprofundador, escreveu versos espantosos, sem sombra de aprofundamento, porque sabia aprofundar: a frase, naturalmente, vive da luz que lhe ministra uma presença que lhe é estranha.
Por sentimento contraditório quero dizer aquela subtileza da emoção consigo mesma, pela qual imediatamente compreende que traz sempre em si dois elementos opostos. Toda emoção sentida é a diagonal de um paralelogramo de forças: vive de ambas e a ambas anula. Como toda a vida é, de um modo ou de outro, um sistema de atracção e repulsão, tudo quanto sentimos contém obscuramente duas forças, essas duas forças; e há certos estados de sentimento — entendendo este como a permanência, consciente ou inconsciente, da emoção — em que a diagonal se decompõe, talvez por fraqueza em sentir, nas duas forças de que se forma. Então o espírito toma consciência de cada emoção como dupla, de cada sentimento como a contradição de si mesmo. O homem sente que, ao sentir, é dois. É o odi et amo de Catulo.
Foi sempre esta uma das feições mais constantes, e mais características da obra poética ou outra, de António Botto. Sempre ele se mostrou sentindo o contrário do que estava a sentir. Sempre ele disse, ao mesmo tempo o avesso do que dizia. O mesmo ritmo de todos os seus versos traz, no fluxo audível, o sussurro implícito do refluxo que se lhe vai seguir.
A ironia emotiva nasce naturalmente do sentimento contraditório, desde que a paixão não intervenha, ou a inteligência não seja de aprofundar ou definir. Se a paixão intervém, a contradição do sentimento sofre-se com revolta. Se a inteligência aprofunda ou define, a contradição do sentimento repele-se com raiva. Se, como em António Botto, nem uma nem outra coisa se dá, a contradição do sentimento aceita-se com um sorriso — um sorriso triste, talvez; mas um sorriso triste é, em si mesmo, uma contradição e uma ironia.
Que está, afinal, no fundo de tudo isto? Um temperamento conscientemente emotivo, que, por emotivo exclui tanto a paixão como as formas intensas da inteligência; que, por consciente, conhece as suas contradições e se alimenta da ironia delas. Em resumo, António Botto. E assim o que a análise dividira em quatro, tem a mesma lógica que reconhecer que a vida reunira em um.
Em seus livros anteriores, António Botto afirmara-se mais como só um emotivo sem paixão e um contraditório de sentimentos. Neste, melhor consigo, estabelece-se como também um inteligente das superfícies e um ironista das suas emoções. Em outras palavras, revela-se, agora, o total de si mesmo.
E isto, que se diz em poucas palavras, levou tantas para dizer que se ia dizer!
1935
Textos de Crítica e de Intervenção . Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1980.
1ª publ. in “Diário de Lisboa”. Mar. 1935.



António Tomás Botto ( 1897 — 1959), nasceu em Concavada, de família humilde. Viveu depois no típico bairro de Alfama em Lisboa, que muito influenciou a sua obra. Recebeu pouca educação formal e trabalhou em livrarias, onde travou conhecimento com muitas das personalidades literárias da época, e foi funcionário público. Também esteve a trabalhar em Angola durante um ano.
O retrato físico e psicológico de António Botto, por quem o conheceu, revela um homem de forte personalidade, sardónico, irónico, malicioso, incisivo, magro, de estatura média, de feições finas, bem vestido e sempre com um chapéu de abas largas.
A sua perversidade e irreverência, trouxe-lhe bastantes inimizades, embora fosse uma pessoa inteligente e bom conversador. Alguns dos seus contemporâneos consideravam-no frívolo, mercurial, mundano, inculto, vingativo, mitómano, maldizente e, sobretudo, terrivelmente narcisista a ponto de ser megalómano.
Era visitante regular dos bairros boémios de Lisboa e das docas marítimas onde desfrutava a companhia dos marinheiros. Apesar de ser sobretudo homossexual, António Botto foi casado até ao final da sua vida com Carminda Silva Rodrigues ("O casamento convém a todo homem belo e decadente", como escreveu).
Em 1942 António Botto foi demitido do seu emprego na função pública, no anúncio publicado no Diário do Governo, está implícita a razão: homossexualidade.

Para se sustentar passou a escrever artigos, colunas e crítica literária em jornais, e publicou vários livros, entre os quais "Os Contos de António Botto" e "O Livro das Crianças", uma colecção de sucesso (que seria oficialmente aprovada como leitura escolar na Irlanda, sob o título The Children’s Book. Mas tudo isto se revelou insuficiente. A sua saúde deteriorou-se devido a sífilis que ele recusava tratar e o brilho da sua poesia começou a desvanecer-se. Era alvo de troça quando entrava nos cafés, livrarias e teatros. Por fim, cansou-se de viver em Portugal e em 1947 decidiu emigrar para o Brasil. Para juntar dinheiro para a viagem organizou, em Maio desse ano, recitais de poesia em Lisboa e no Porto, que resultaram em grandes sucessos, com elogios por parte de vários intelectuais e artistas, entre os quais Amália Rodrigues, João Villaret e o escritor Aquilino Ribeiro. A 17 de Agosto partiu finalmente para o Brasil com a mulher.
No Brasil residiu em São Paulo e depois mudou-se para o Rio de Janeiro. Sobreviveu escrevendo artigos e colunas em jornais Portugueses e Brasileiros, participando em programas de rádio e organizando récitas de poesia em teatros, associações, clubes e, por fim, botequins.
A sua vida foi-se degradando de dia para dia e acabou por viver na mais profunda miséria. A sua megalomania agravada pela sífilis era gritante e não parava de contar histórias delirantes. Quis voltar a Portugal, mas não tinha dinheiro. Em 1959 foi atropelado mortalmente na Avenida Copacabana, no Brasil. Em 1966 os seus restos mortais foram trasladados para Lisboa. O seu espólio foi enviado, pela sua mulher e doado à Biblioteca Nacional.

CANÇÕES, é a sua obra mais conhecida, com carácter abertamente homossexual, que causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa que traduziu em 1930 as suas Canções para inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido, a sua obra reflecte, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa.
As Canções de António Botto, foram publicadas com um texto de Fernando Pessoa, de que se transcreve, um fragmento:
A noção de beleza masculina, é de todos os elementos do ideal estético, aquele que mais pode servir de arma contra a opressão do nosso ambiente; daí servir-se António Botto dela com uma constância e uma persistência que há não só que compreender, mas que louvar. António Botto é um esteta grego nascido num exílio longínquo. Ama a Pátria pérfida com a devoção violenta de quem não poderá voltar a ela.

A tempestade desencadeada por Canções e por "Sodoma Divinizada" de Raul Leal, bem como por outras obras e artigos que apareciam nas livrarias e jornais da época de que importa destacar "Decadência" de Judite Teixeira, foi tremenda, e a Federação Académica de Lisboa, tendo como porta-voz Pedro Teotónio Pereira, denuncia no jornal "A Época", em 1923, a "vergonhosíssima desmoralização, que sob os mais repugnantes aspectos, alastra constantemente". Nesse mesmo ano o Governo Civil de Lisboa ordena a apreensão dos livros de Botto, Raul Leal e Judite Teixeira.
Fernando Pessoa e Álvaro de Campos protestam contra o ataque dos estudantes a Raul Leal:
"Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. (...) Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível". Mas com pouco efeito. O impulso censório, moralista, obscurantista e homofóbico, ganha força com o regime do Estado Novo e a revista "Ordem Nova" declara-se "antimoderna, antiliberal, antidemocrática, antibolchevista e antiburguesa; contra-revolucionária; reaccionária; católica, apostólica e romana; monárquica; intolerante e intransigente; insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da informação". António Botto acaba por se ver forçado a emigrar para o Brasil e Raul Leal será vítima de espancamentos e deixará de escrever para jornais durante 23 anos.

JORGE DE SENNA SOBRE ANTÓNIO BOTTO:

«A vasta obra poética de Botto, em parte ainda dispersa ou não-recoligida, apesar de e também pelo muito que ele publicou, republicou, reorganizou em volumes dispersos ou suprimia de volumes anteriores, etc., poderá repartir-se em quatro fases: a juvenil, em que continua o tom da quadra dita popular, conjugando-o com aspectos da dicção simbolista que poetas como Correia de Oliveira, Augusto Gil, e sobretudo Lopes Vieira haviam introduzido nela; a simbolístico esteticista, em que a juvenilidade tradicionalizante se literaliza dos requebros esteticistas que marcaram, nos anos 20, muita poesia simultaneamente da tradição saudosista e modernista (é a das primeiras edições das Canções e breves plaquetes seguintes, em que todavia a personalidade do poeta já figura inteira em diversos poemas); a fase pessoal e original, nos anos 30, desde as edições de 1930-32 das canções (em que ele ia incorporando selecções de colectâneas anteriores) até a Vida Que Te Dei e Os Sonetos (fase que é também a dos seus excepcionais contos infantis (fase que é também a dos seus excepcionais contos infantis que tiveram realmente as edições estrangeiras que se julgava ser uma das mentiras megalomaníacas do poeta, da «novela dramática» António, e da peça Alfama); e a última fase, nos anos 40 e 50, até à morte que é a de uma longa e triste decadência, com poemas desvairadamente oportunistas, revisões desastrosas afectando nas reedições alguns dos melhores poemas anteriores [...] ».Líricas Portuguesas/ Jorge de Sena

As sucessivas e confusas edições das suas obras, as inexactidões bibliográficas de toda a ordem em notas e apontamentos (até sobre o local e data do nascimento do poeta correm variadas versões) contribuíram para a mistificação duma obra cujo brilho, porém, nada logrou esmorecer. Óbices desta natureza também não impediram que fosse extremamente significativo o reconhecimento de grandes personagens das letras estrangeiras que a Botto se referiram em termos de louvor. Unamuno, Garcia Lorca, António Machado, Ramon Jiménez, Gide, Valéry, Pirandello, Malaparte, Mário de Andrade, Jorge de Lima, Lins do Rego, Gabriela Mistral foram unânimes em saudar nas canções o aparecimento de um grande poeta moderno. Em Portugal, a repercussão não foi menor. Manuel Teixeira Gomes prefaciou, as Canções com um estudo crítico que Fernando Pessoa verteu para inglês. O próprio Pessoa veio a prefaciar a novela António, cuja edição original era também acompanhada por uma carta de Guerra Junqueiro. No volume de prosa, Cartas que me foram devolvidas surgiram ensaios críticos de Fernando Pessoa e José Régio e, finalmente, João Gaspar Simões também contribuiu com algumas páginas de crítica no prefácio ao volume Ciúme." Dicionário Biográfico Universal de Autores

Fernando Pessoa e António Botto elaboram em conjunto uma Antologia de Poemas Portugueses Modernos, tendo Fernando Pessoa falecido antes de concluir a obra. Em "Marginália" António Botto dedica-lhe um poema com as seguintes palavras:

"[...] E como grande poeta que será, dou-lhe a mais sincera homenagem fixando o seu nome, o de Álvaro de Campos, o de Alberto Caeiro e de Ricardo Reis, que são os seus nomes também, nestas páginas que a sua límpida e funda inteligência crítica, comigo apartou, para regalo daqueles que saibam ler e sentir"
À memória de Fernando Pessoa - António Botto

Se eu pudesse fazer com que viesses
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão
–Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida – esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo…
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
– Autênticos patifes bem falantes…
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver
–Sem estímulo, sem fé, sem convicção…
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar
–Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!

POESIAS DE ANTÓNIO BOTTO

I
Não beijemo-nos apenas
Nesta agonia da tarde.
Guarda -
Para outro momento,
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde
E a convivência contigo
Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dos teus cabelos - És lindo!
A morte
Devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: - não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos, apenas!
- Que mais precisamos nós?

*

O que desejei às vezes
O que desejei às vezes
Diante do teu olhar,
Diante da tua boca!

Quase que choro de pena
Medindo aquela ansiedade
Pela de hoje - que é tão pouca!

Tão pouca que nem existe!

De tudo quanto nós fomos,
Apenas sei que sou triste.


António Botto
Aves de Um Parque Real
As Canções de António Botto
Editorial Presença
1999
MAIS POESIAS DE ANTÓNIO BOTTO EM:http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/antonio_botto/poetas_antoniobotto_oquedesejei01.htm - http://www.revista.agulha.nom.br/an01.html

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