Um filme grandioso, belo e incrivelmente ousado que merece ser lembrado, revisto e apreciado em toda sua complexidade e beleza.
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SINOPSE
Hye-ja (Kim Hye-ja) é a mãe de Do-joon (Won Bin), um inocente rapaz que, aos 27 anos, ainda é inteiramente dependente dos cuidados dos adultos. Quando uma jovem rapariga é encontrada brutalmente assassinada num lugar abandonado, todas as pistas apontam para Do-joon que acaba por ser condenado pelo crime. Percebendo a urgência com que a polícia encerrou o caso e absolutamente convicta da inocência do filho, Hye-ja vai fazer de tudo para encontrar o verdadeiro responsável pelo homicídio. Assim começa a saga obstinada de uma mãe que, contra todas as evidências e um sistema policial pouco eficaz, não se deixará abalar pelo desespero.Uma história dramática sobre o poder do amor como força da Natureza.
Da crítica de Jorge Mourinha na Ípsilon:
O novo filme do coreano Bong Joon-ho é um extraordinário melodrama sobre a família, com uma interpretação alucinada de Kim Hye-ja. A figura da mãe é central, a sra. Yoon, é ao mesmo tempo mãe-coragem, mãe-galinha, mãe-possessiva, mãe-controleira, mãe-psicótica, mãe-resignada, mãe-determinada, mãe-enlouquecida. A sra. Yoon é todas as mães numa só, erguendo-se para defender até ao fim o seu filho, convicta para lá de toda e qualquer lógica ou razão de que Do-joon, que é deficiente mental, está inocente do assassínio de uma jovem. Mas essa convicção chega? Ou, no processo de defender Do-joon até às últimas instâncias, não estará também ela a soçobrar na loucura?
Aqui, ao cruzar o grande melodrama familiar com o filme policial de inspiração hitchcockiana, Bong repete a fusão de géneros à sombra de um olhar impiedoso sobre a sociedade coreana - uma cidade de província, onde tudo continua a ser um jogo de espelhos, onde nada é o que parece. A família é o último laço que mantém o edifício de pé. Só que, em "Mother", até esse edifício se arrisca a ruir a qualquer instante à medida que a sra. Yoon começa a fazer a sua investigação e descobre verdades desagradáveis até para si própria. A família, também já foi contaminada - e quando se procura defender os seus valores, o que é que se está realmente a defender?
Notável na sua navegação à vista por estilos, géneros, formas completamente diferentes, "Mother" poderia correr riscos, não fosse a arma secreta de Bong: Kim Hye-ja, popularíssima actriz coreana. A sua mãe, é um prodígio de modulação, capaz de ir do histerismo ao calculismo, sem nunca cair no mero exercício histriónico. É preciso uma senhora actriz para resistir imperturbável às amplitudes térmicas que o guião de "Mother" exige, sob pena de o filme se desfazer. Encontro ideal entre um cineasta e uma actriz, "Mother" torna-se num extraordinário melodrama familiar que desafia estilos, géneros, convenções e nos deixa sem fôlego quando a projecção termina.
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