O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quinta-feira, 20 de maio de 2010

SOBRE A DEMOCRACIA...

Com um universo político carregado, que me põe confusa, qual tempestade de nuvens negras e nevoeiros rasteiros, que me anexam a luz, tenho andado a ler alguma coisa sobre política à margem da real política. Sinto-me mais esclarecida? Nem por isso! Teoria é uma coisa, «praxis» é algo completamente diferente!... Ocasionalmente fui ter a Aldous Huxley.

A Corrupção é Proporcional à Democracia

Os homens são atormentados pelo pecado original dos seus instintos anti-sociais, que permanecem mais ou menos uniformes através dos tempos. A tendência para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. Alguns homens têm força suficiente para resistir a essa tendência, outros não a têm. Tem havido corrupção sob todo o sistema de governo. A corrupção sob o sistema democrático não é pior, nos casos individuais, do que a corrupção sob a autocracia. Há meramente mais, pela simples razão de que onde o governo é popular, mais gente tem oportunidade para agir corruptamente à custa do Estado do que nos países onde o governo é autocrático. Nos estados autocraticamente organizados, o espólio do governo é compartilhado entre poucos. Nos estados democráticos há muito mais pretendentes, que só podem ser satisfeitos com uma quantidade muito maior de espólio que seria necessário para satisfazer os poucos aristocratas. A experiência demonstrou que o governo democrático é geralmente muito mais dispendioso do que o governo por poucos.


Aldous Huxley, in 'Sobre a Democracia e Outros Estudos'


A Sugestibilidade Humana

Os ideais da democracia e da liberdade chocam com o facto brutal da sugestibilidade humana. Um quinto de todos os eleitores pode ser hipnotizado quase num abrir e fechar de olhos, um sétimo pode ser aliviado das suas dores mediante injecções de água, um quarto responderá de modo pronto e entusiástico à hipnopédia. A todas estas minorias demasiado dispostas a cooperar, devemos adicionar as maiorias de reacções menos rápidas, cuja sugestibilidade mais moderada pode ser explorada por não importa que manipulador ciente do seu ofício, pronto a consagrar a isso o tempo e os esforços necessários.
É a liberdade individual compatível com um alto grau de sugestibilidade individual? Podem as instituições democráticas sobreviver à subversão exercida do interior por especialistas hábeis na ciência e na arte de explorar a sugestibilidade dos indivíduos e da multidão? Até que ponto pode ser neutralizada pela educação, para bem do próprio indivíduo ou para bem de uma sociedade democrática, a tendência inata a ser demasiado sugestionável? Até que ponto pode ser controlada pela lei a exploração da sugestibilidade extrema, por parte de homens de negócios e de eclesiásticos, por políticos no e fora do poder?


Aldous Huxley, in 'Regresso ao Admirável Mundo Novo'

Li há anos um livro de Aldous Huxley, ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, mas como não tinha ideia nenhuma sobre esse livro, fui à internet ver do que se tratava:

Admirável Mundo Novo é uma fábula futurista escrita em 1932, que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse "futuro" criado por Huxley não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade actual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família não existe.

Estranho!?...Condicionalismo biológico, condicionalismo psicológico, castas, sem valores morais, drogas, crianças, família...não chegamos a tanto e no entanto há aspectos, que lembram isto e aquilo...numa síntese geral não passaríamos de marionetas!...

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