O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CARLOS SEIXAS (1704-1742)

José António Carlos de Seixas, nasceu em Coimbra em 1704 e morreu precocemente em Lisboa em 1742. Inicialmente era conhecido pelos seus três primeiros nomes, actualmente é conhecido por Carlos Seixas.

Carlos Seixas começou os seus estudos com o seu pai, Francisco Vaz, que era organista da Catedral de Coimbra. Com a morte do pai, cedo ocupou o seu cargo, permanecendo no mesmo durante dois anos. Aos dezasseis anos e devido ao seu desenvolvimento musical, foi nomeado organista da Catedral de Lisboa e simultaneamente professor de cravo das famílias nobres da Corte. Mais tarde foi-lhe atribuído o cargo de Vice-Mestre da Capela Real, cargo muito prestigiante porque reconhecia o seu valor, quando o Mestre de Capela era o famoso Domenico Scarlatti e na Capela Real só existiam músicos italianos.

Relativamente ao seu relacionamento com Scarlatti há um manuscrito da época que se refere a um episódio interessante:
quis o Sereníssimo Senhor Infante D. António que o grande Escarlate, pois se achava em Lisboa no mesmo tempo lhe desse alguma lição regulandosse por aquela ideia errada de que is Portugueses por mais que fação nunca chegão o que fazem os estrangeiros, e mandou ao ditto; este apenas o vio por as mãos no Cravo cunhecendo o Gigante pelo dedo lhe disse «Vossa mercê hé que me pode dar Lições, e encontrandosse com aquele Senhor lhe disse «Vª. Alteza mandomeexaminar, pois saiba que aquele sujeito hé dos maiores proffessores que eu tenho ouvido.
Não se sabe, se isto verdade ou se Scarlatti estaria a ser simpático com um membro da Família Real Portuguesa. A realidade, é que a obra de Carlos Seixas, tem uma grande originalidade criativa.

A maior parte da obra de Carlos Seixas, foi composta para instrumentos de tecla e as suas peças eram denominadas, por tocatas ou sonatas. Na Biblioteca Lusitana, estão referenciadas setecentas tocatas para cravo, mas só cento e cinco chegaram até nós, possivelmente muitas desapareceram com o terramoto de 1755.

Perusio
Estas tocatas que sobreviveram estão guardadas, nas Bibliotecas da Universidade de Coimbra, Nacional de Lisboa e no Palácio da Ajuda. Nelas encontramos exemplos reveladores da evolução da sonata barroca para tecla, desde a sua forma simples em duas partes, como nos mostram, por exemplo, as obras de Scarlatti, copiadas em 1733 num manuscrito português como as Obras Romanas per Organ. Nalguns casos, Seixas vai para além do limite imposto por esta estrutura dual e expande a secção inicial na segunda parte da obra, com uma passagem tão cheia de modulação e liberdade de manipulação temática – antes de voltar a um paralelismo estrito com a primeira parte – que no fim nos dá uma estrutura tri-partida, parecendo antecipar a forma da Sonata do período Clássico de Haydn e Mozart. Por outro lado, o carácter irregular e assimétrico do frasear e a escrita fortemente ritmada do compositor, deve ser apontada, porque contrariamente ao balanceado frasear de Scarlatti, com a sua medida regular (a chamada quadratura barroca), dispersa frequentemente as suas frases em diferentes grupos de compassos.

A sua harmonia é geralmente de uma simplicidade extrema, utilizando normalmente modulações para tonalidades paralelas ou do mais próximo nível no ciclo das quintas. A sua inspiração está direccionada para a invenção melódica, especialmente nos andamentos lentos, com uma expressão melancólica dos sentimentos reforçada, pela sua preferência de tonalidades menores.

Também chegaram até nós algumas peças orquestrais, para além da sua qualidade intrínseca, estas obras também revelam o conhecimento de formas musicais significativas do barroco instrumental Europeu, de uso muito reduzido na Península Ibérica. Estas peças são: uma Abertura em Ré Maior, no estilo francês, com um primeiro movimento lento em ritmo constante e secções alternantes em tempos contrários, características desta forma musical. O único exemplo do género na Península Ibérica e que se pode igualar em rigor formal e instrumentação, às aberturas de um Häendel ou de um Telemann; uma Sinfonia em Si bemol, com a característica sequência italiana – rápido/lento/rápido e o fantástico Concerto para Cravo e Orquestra de Cordas que é um dos primeiros exemplos do género em toda a Europa e que é uma contribuição original para a música Barroca europeia.

Relativamente à música sacra, destaca-se Ardebat Vicentius para a festa de S. Vicente, a Missa em Sol e um Te Deum, para duplo coro e orquestra, que se encontra desaparecido.

Carlos Seixas - Concert harpsichord, A major
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