Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.
9-8-1931
Novas Poesias Inéditas.
Fernando Pessoa. ( Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).
Nenhum comentário:
Postar um comentário