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Cor não sei grande coisa sobre as cores,
a sério uso-as intuitivamente
.
e as tuas raízes
.
não sei grande coisa sobre o racismo,
a sério o meu conhecimento é epidérmico
.
que queres dizer com isso, disse ele
oh, disse ela, não sabias que todas as cicatrizes
têm uma cor rosa que se nota
.
Marlene Dumas Maio 2010 ..in Marlene Dumas: Contra o Muro, Catálogo da exposição, Museu de Serralves, 2010, p. 59.
A primeira imagem que me evocava o nome de Marlene Dumas (1953, Cidade do Cabo) era uma série de rostos povoados por cores a gouache. Algo inquietante sobressaía desses retratos, cujas fisionomias eram acentuadas pelas cores utilizadas. A cor da pele deixava de ser natural mas na sua irrealidade de azul, laranja ou rosa fucsia tornava visível a identidade de cada um dos personagens de forma emocional.
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A condição humana
(ou uma saudação a quem me inspirou)
.
(...)
.
Uma saudação à cultura popular dos fornecedores de imagens,
correspondentes de guerra, gestores de media,
guerreiros de hotel e artistas de aeroporto.
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À arte de retratar, mais ou menos utilizada
por políticos, mártires, assassinos,
militares... que sei eu.
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(…) Aos cartazes que Ad van Denderen
fotografou na Cisjordânia.
Aos soldados israelitas que se recusam a lutar
nos territórios ocupados.
.
A Amos Oz que se pronunciou
sobre o facto de judeus e árabes
terem sido vítimas do mesmo opressor.
Isto torna o seu conflito mais difícil, não mais fácil.
Ambos foram humilhados,
discriminados e perseguidos
pela Civilização Europeia.
.
(...)
.
À diferença entre esquecer e perdoar.
Á distinção entre liberdade, sina e destino.
Ao nosso ponto de partida e ao nosso ponto de chegada.
Ao facto de a vida ser circular,
e de o que anda por aí permanecer por aí,
de, para o melhor e para o pior,
partilharmos todos a mesma condição.”
Marlene Dumas Amesterdão, Setembro de 2006 in Marlene Dumas: Contra o Muro, Catálogo da exposição, Museu de Serralves, 2010, p. 72.
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