O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LUÍS DE FREITAS BRANCO (1890-1955)

Nasceu em Lisboa e precocemente demonstrou talento para a música. Estudou com Augusto Machado, Tomás Borba e Luigi Mancinelli, que se encontrava em Lisboa, ao serviço do Teatro São Carlos. Entre 1907 e 1908 escreveu um poema sinfónico que revela influências de Liszt, Depois de uma leitura de Antero Quental.
Com o compositor Désiré Pâque, que residiu em Lisboa de 1910 a 1915, conheceu as teorias de Vicent d’ Indy.

Deslocou-se ao estrangeiro e completou a sua formação em Paris com Gabriel Grovlez e em Berlim com Engelbert Humperdinck. São desta altura composições que revelam a influência do contacto com as modernas correntes da música europeia, como o impressionismo francês e o atonalismo de Schönberg, como Paraísos Artificiais, inspirados na obra de Baudelaire com o mesmo nome e com a influência musical de Debussy, a estreia desta peça em 1913 foi mal recebida pelo público, assim como Vathek, Variações Sinfónicas sobre um tema oriental de 1914.

Quando regressou a Portugal em 1915, desenvolveu grande actividade pedagógica colaborando com Viana da Motta na reforma do Conservatório. Primeiro tornou-se professor nas cadeiras de Harmonia e de Ciências Musicais e depois em 1924 tornou-se sub-director do Conservatório.
Freitas Branco compôs obras de cariz nacionalista como as duas Suites Alentejanas, e quatro Sinfonias que foram escritas respectivamente em 1924, 1926, 1943 e 1952 e outras obras de raiz neoclássica e inspiração renascentista como os Madrigais Camonianos.

O músico publicou também, vários trabalhos de musicologia, fez conferências e exerceu a actividade de crítico musical em diversos periódicos, o Diário Ilustrado, a Monarquia, o Correio da Manhã, o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa e o Século. É também de referir a Arte Musical, uma revista que fundou em 1929 e que dirigiu até a sua extinção em 1948.

Freitas Branco era bem considerado, pela facção anti-salazarista. Fernando Lopes Graça admirava a sua postura de oposição ao domínio da ópera, cultivando as formas orquestrais de câmara, assim como considerava que as suas primeiras obras, estavam inseridas no movimento renovador cultural das artes plásticas de Amadeu de Sousa Cardoso e Almada Negreiros e da literatura de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro.
Estas considerações de Lopes Graça, passam por cima da participação de Freitas Branco no grupo monárquico do Integralismo Lusitano, do qual resultaram obras como Oratória, As Tentações de S. Frei Gil (1911), com texto de António Correia de Oliveira e o poema sinfónico Viriato (1916).

O seu filho João de Freitas Branco, analisando a obra do pai, divide-a em três linhas de força:

1 – Do poema sinfónico, Depois de uma leitura de Antero Quental e compreendendo quase todas as obras da primeira fase, ciclos de canções, Paraísos Artificiais, Vatheck, Quarteto de Cordas e Prelúdios para piano;
2 – As obras de designação clássica, como as Sonatas para violoncelo e piano e para violino e piano;
3 – A linha nacionalista, que deve ser dividida em duas fases: a primeira influenciada pelo Integralismo Lusitano. Um exemplo é o poema sinfónico Viriato, o segundo com a influência da política cultural preconizada pela reforma do conservatório.

O primeiro período corresponde a uma fase de maior originalidade, optando por vias estéticas, que posteriormente abandonou. O aspecto mais notório do introdutor do modernismo é o seu ecletismo, como revela a sua obra Vatheck, onde cada variação tem um tratamento com uma concepção estética e uma técnica diferentes.


VATHECK EXCERTO



Por outro lado a sua música não tem muito a ver com a utilização directa de temas folclóricos, com a excepção das suites Alentejanas.

As obras de designação clássica são: 1ª Sonata para violino e piano (1907), Quarteto de Cordas (1911), Sonata para violoncelo e piano (1913), Concerto para violino e orquestra (1916), que se associam à escola clássica franco-belga de César Franck, não repudiando a sua componente romântica e com uma assimilação de Gabriel Fauré, na caso da Sonata para violoncelo e piano.

A Primeira Sinfonia (1925) representa na opinião de Joly Braga Santos, um dos primeiros exemplos, na música europeia, do regresso às grandes formas clássicas, após a revolução impressionista. No caso português, tratava-se de uma necessidade de criar, uma tradição sinfónica, que exceptuando os casos isolados de Bomtempo e de Viana da Motta, nunca havia chegado a existir.

EXCERTOS DA SINFONIA Nº.1 – I ANDAMENTO

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III ANDAMENTO

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