Filha ilegítima, nasceu em Arras, Pas de Calais, França. Em Valenciennes, Violette passou a maior parte da sua infância, sofrendo de baixa auto-estima, devido à hostilidade da sua mãe. As pessoas que mais amava, eram a avó e a tia.A sua educação formal, iniciada em 1913, foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial . Após a guerra, foi para um colégio interno, o Collège de Douai, onde teve a sua primeira experiência lésbica.Em 1926, Leduc mudou-se para Paris, matriculou-se no Liceu Racine e simultaneamente arranjou um emprego. Passado algum tempo, conheceu Maurice Sachs e Simone de Beauvoir, que a incentivaram a escrever. O seu primeiro romance L'Asphyxie, narra as lembranças de uma bastarda. A sua mãe jamais aceitou seu próprio mau passo, e é a sua filha quem deverá carregar o peso do erro maternal. Para Leduc, a sua mãe não passará da encarnação de uma Lei moral caprichosa e absurda. Privada do oxigénio oriundo do amor materno, a pequena Violette asfixia. Esta asfixia teria sido fatal se não houvesse a sua avó, Fidéline, pois através dela a criança pôde conhecer o aconchegante mundo da intimidade e da afeição. Foi publicada por Albert Camus para Éditions Gallimard e rendeu-lhe elogios de Jean-Paul Sartre, Jean Cocteau e Jean Genet .
Bissexual, Leduc teve uma série de relacionamentos.
Em Ravages, a intenção inicial de Violette com este livro era contar de forma romanceada as três experiências amorosas e sexuais que marcaram a sua vida: a paixão por Isabelle, o relacionamento com Denise, o encontro com Jacques Mercier, com quem foi casada por um breve período e que terminou com a sua tentativa de suicídio e um aborto. Os editores consideraram demasiado chocante a parte inicial (seu envolvimento com Isabelle) e recusaram o manuscrito. E Leduc foi forçado a remover parte do romance devido a descrições de sexo explícito lésbico. A parte censurada foi finalmente publicada como um romance independente, Thérèse e Isabelle, em 1966. Outro romance, Le Taxi causou controvérsia por causa da abordagem da temática de incesto entre irmão e irmã. O crítico J. Edith Benkov comparou este romance ao trabalho de Marguerite Duras e Nathalie Sarraute.
Desde muito cedo Viollet Leduc, sofreu de distúrbios psicológicos, o facto de ser bastarda sempre foi um estigma na sua vida. Em 1956, foi internada durante seis meses numa clínica em Versailles, para tratamento das suas tendências maníaco-depressivas e depois esteve na casa de repouso, Vallée aux Loups.Leduc morreu com 65 anos, depois de duas operações, devido a cancro da mama.
La Bâtarde , principal obra da autora, é uma narrativa autobiográfica de uma sinceridade intrépida — como classificaria Simone de Beauvoir no elogioso prefácio que escreveu para o livro.Ainda que o erotismo lésbico esteja bastante presente, o leitor atento observará que ele não trata "histórias escabrosas", mas de um "inferno humano vivido".Foi publicado em 1964, quase ganhou o Prémio Goncourt e rapidamente tornou-se um bestseller. Esta autobiografia, é uma catarse de todo o sofrimento que Leduc arrastou durante a sua vida. Desprezada pela mãe, no livro diz, que em criança começava a chorar por nada, só pelo choro, queria sentir uma imensa tristeza dentro dela e considerava que tinha dentro de si um crucifixo. Ser bastarda, ser repudiada pela mãe é uma ideia fixa que sempre a atormentou, no livro escreveu «Tu vives em mim, como eu vivi em ti»! O sofrimento iria fazer dela uma escritora com uma linguagem visceral, que irritou os homens e deixou as mulheres incomodadas. Na sua juventude Violette era rebelde, quis escolher os seus próprios caminhos. Com a morte da avó que ela adorava, ela confessa que a sentia ao seu lado, mas não estava, enquanto Violette se sentia condenada a estar no mundo, ela sofria pela pobreza em que vivia, pelo estigma de ser uma mulher curvada e pouco atractiva (Simone de Beauvoir referia-se a ela como "mulher feia"), Violette nada tinha, foi através das palavras, que ela encontrou o seu rumo para a vida e a vida aguçou esse rumo, com uma experimentação ao limite. Não só descrevia as sensações físicas do sexo, como a sensação de não ser amada, a sensação física da pobreza, da neve, da guerra, ela ligou todos os seus sentidos à vida, prestando atenção ao detalhe, à laranja murcha ao sol, à mancha de tinta sobre a mesa, sugerindo atmosferas, lugares e cenas. Nada é gratuito, é tudo que ela sentiu e tem importância na sua observação/sentir a vida. Até escrever a sua autobiografia, Violette viveu as duas guerras mundiais, teve intensos casos de amor bissexuais, casou e separou-se, escreveu e publicou alguns romances, mas também andou a vender no mercado negro, foi telefonista, secretária, revisora e redactora de publicidade. O escritor homossexual Maurice Sachs foi importante na sua vida, era um escritor polémico, adorado pelas mulheres. Leduc viveu com ele e Maurice incentivou-a a escrever, estava cansado de a ouvir falar. Assim escreveu o primeiro livro, L’ Asphyxie, que Simone de Beauvoir, através dos seus contactos, conseguiu que fosse publicado. Quando escreveu La Bâtarde, Leduc abordou temas sobre os quais já se tinha debruçado nos seus romances, que foram baseados na sua própria vida, mas agora no auge dos seus poderes literários. No livro confessa que gostaria de ter sido uma estátua de bronze em vez de ser de carne, para não sentir. Cada momento da sua escrita, tem a respiração e o suspiro que empurra a narrativa para lugares diferentes. Liga a acção à percepção, quando rouba flores azuis de um jardim, ela diz que são uma maneira de tirar os olhos da mãe, quer encontrar a imagem da sua mãe em alguma coisa bonita.E quando ela está convalescendo de uma doença, escreveu: "Quando eu olhei em volta para os objectos e móveis da sala eu senti que estava sentada na ponta de uma agulha. A sua prosa é cinética e é poética. Os, seus livros fundamentão-se nas realidades e incertezas da vida quotidiana.Apesar de ser aclamada por Camus, Genet, Simone de Beauvoir e Sartre, os livros de Leduc não se encontram no mesmo patamar. A literatura para Leduc não era um confortável sofá ou uma sala de conferências numa universidade, nem era um lugar onde o ser humano imperfeito sofre algum tipo de catarse e sai feliz, inteiro, curado, miraculosamente limpo de ira, luxúria, e dor. Violette Leduc é quase uma escritora esquecida, está à margem é necessário que ela ocupe o lugar merecido como grande escritora. Leduc era considerada pelos seus pares, mas simultaneamente vista como louca pela sua sinceridade inabalável e consequentemente inconveniente. Beauvoir, disse que Leduc escreveu sem pensar numa audiência, no entanto mesmo uma autobiografia desinibida, onde o objectivo é chegar à verdade absoluta da memória, há uma audiência em mente. Leduc viveu uma vida muito turbulenta e nada notável. Ela era ridicularizada pela forma como se expunha, até pelo seu aspecto físico, ela própria não se sentia à vontade.Violette Leduc escreveu: "Eu estava com medo de ter de apresentar o meu nariz grande " ou "Eu pensei que a personalidade pode ser modificada através do uso de roupas caras. No século XX, a atmosfera era de crítica permanente e reduziu o seu trabalho a uma tragédia do sexo feminino instável em grande escala. Freud dizia que a segredos mais interessantes são os que mantemos para nós mesmos, mas para Leduc os segredos foram os seus materiais de trabalho.
http://en.wikipedia.org/wiki/Violette_Leduc
http://www.violetteleduc.com/
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