No Rio de Janeiro, por unanimidade, o júri contemplou Manuela António Pina com o Prémio Camões, o mais importante prémio da língua portuguesa. Pina ficou surpreendido, o júri considerou o escritor «inventivo e original» movimentando-se em vários géneros literários, conto, poesia, crónica, literatura para a infância, teatro…
O jurado brasileiro, António Carlos Secchin, salientou o alto grau de inventividade e originalidade e com este prémio sublinhou a necessidade de os livros deste autor serem finalmente editados no Brasil.
Manuel António Pina é muito conhecido pelas suas crónicas «Por outras palavras», diariamente escritas no Jornal de Notícias, incorporando literatura em todas as áreas do quotidiano e onde recupera também a figura, cada vez mais em desuso, do intelectual empenhado, segundo palavras do Professor Universitário, José António Gomes, que acrescenta, « num tempo em que não faltam exemplos de escritores que permanecem no jogo da promiscuidade de acordo com as forças políticas do momento, há que louvar a sua coragem».
Com uma vasta obra, já recebeu vários prémios e já foi homenageado nas três cidades do seu coração: Sabugal (onde nasceu), Guarda (onde passou a infância) e Porto (onde vive há 4 décadas).
Muitos perguntarão, mas quem é Manuel António Pina?
Ele responde, com as palavras do poeta Jorge Luís Borges, que tanto admira:
«EU SOU TODOS OS LIVROS QUE LI, TODAS AS PESSOAS QUE CONHECI, TODOS OS LUGARES QUE VISITEI»
Em entrevista:
SOBRE O PRÉMIO: Os prémios não fazem as obras, nem os livros melhores ou piores, mas são um reconhecimento e todos gostamos de ser amados. Mas é embaraçoso, porque tendo em vista a lista das pessoas que já receberam este prémio – e não quero fazer a rábula da modéstia – receio não estar ali a fazer nada…
SOBRE AS SUAS CRÓNICAS: Tento fazer o melhor, mas nem sempre sai bem – nunca releio as minhas crónicas, porque são feitas sobre pressão, que tende a adormecer o nosso espírito criativo. Mas dão-me prazer, o que raramente acontece com o tema – sofro muito à procura dele, perco seis ou sete horas nessa busca – e a política acaba por ser recorrente. E as crónicas são também uma lição diária de humildade, porque uma crónica jornalística acaba sempre a embrulhar o peixe no dia seguinte. Tudo acaba no esquecimento.
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SOBRE POESIA: Onde sinto o meu próprio sangue é na poesia. Muitos escritores falam da necessidade de escrever e, sem dramatizar, também tenho essa sensação. Mas raramente os poemas me saem à primeira, alguns demoram vários anos – tenho poemas que demoraram dez anos, ou mais, a concluir. Como dizia Rilke, o primeiro verso é-nos dado, os outros são conquistados. Às vezes anda-se à procura de uma palavra, de um verso, de uma relação entre o substantivo e o adjectivo. E quando aparece a palavra reconheço-a! Ando sempre com um caderninho onde anoto palavras, faço listas enormes de palavras até encontrar uma. Há dias, encontrei a palavra «exasperado», e já tinha passado por ela sem a reconhecer.
SOBRE POLÍTICA: A política está em toda a parte, mas a política sobra a qual geralmente escrevo é a partidária, e essa é muito medíocre. Estamos metidos num nó górdio e olha-se à volta e não se vê nenhum Alexandre – nada senão mediocridade e mediania.
BIOGRAFIA: http://www.infopedia.pt/$manuel-antonio-pina
POESIA: http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Manuel_Pina&op=7&author=20197
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