Centenário do nascimento de Julien Gracq (1910 - 2007), escritor francês, cujo nome verdadeiro era Louis Poirier.
Cracq escreveu dois romances excepcionais, Le Rivage des Syrtes e Un Balcon en Forêt, além de obras contundentes de crítica e ensaio. Grande admirador de Ernst Jünger. Professor de História e Geografia, recusou o Prémio Goncourt. Esteve próximo dos surrealistas, tendo sido amigo de André Breton, mas recusou ser assimilado.
Um escritor alérgico aos holofotes, de tempos a tempos, lançava um livro, mostrando que era um visionário, tal a sua capacidade de narrar histórias inquietantes e desconcertantes.
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LE RIVAGE DES SYRTES – Tradução de Pedro Tamen. É o seu romance mais célebre e uma arrebatadora obra de ficção europeia do século XX.
Uma cidade, capital de um império em declínio, consome-se na espera de um inimigo virtual. Esta capital do rumor, é o centro de todas as intrigas, o cadinho de todos os presságios, o vulcão de todas as superstições. Sonâmbulos, os habitantes da cidade vegetam na sombra da ameaça ancestral: acabarão a desejar o ataque libertador, que os devolva à sua antiga condição de seres com história.
Uma sensação de vento nas têmporas, é o que causam os seus livros, escritos num francês de tal riqueza lexical e sintáctica, que chega a ser estonteante. Gracq é um mago, a quem não fazia falta trazer a filosofia para a ficção, porque a sua ficção era toda ela metafísica, como um quadro de Chirico ou o Pélléas de Debussy.
Mega Ferreira.
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