As perturbações mentais e os grandes estados alterados da psique sempre inspiraram os artistas ao longo dos tempos, estando na origem de um grande número de obras-primas da literatura, das artes plásticas, da música e do cinema.
Rui Vieira Nery, diz que a ópera vive do desequilíbrio psicológico extremo ou do intenso conflito emocional das personagens, dominadas por medo, ciúme, ódio, pavor ou inquietação. Os poucos exemplos de óperas que focam pessoas normais, são tão enfadonhos, que ninguém se lembra delas.
Personagens paradigmáticas do desequilíbrio feminino, numa galeria indeterminada:
O desespero de Dido, da ópera Dido e Eneias, de Purcell
A histeria assassina da rainha da Noite de a Flauta Mágica de Mozart
Fragilidade emocional que acaba em desequilíbrio absoluto, personagem principal da ópera Lucia de Lamermmor, de Donizetti
Casos de obsessão sexual, Salomé e Elektra de Richard Strauss
SALOMÉ
ELEKTRA
Extraordinária frieza patológica, como em Lulu, de Alban Berg
Relativamente às personagens masculinas, sejam elas heróicas ou destrutivas é salientado a encarnação do vício, do mal, da perversão.
Iago de Otelo de Verdi
Scarpia da Tosca de Puccini
Macbeth de Verdi, que fica transtornado por uma enorme sede de poder aliada a uma enorme fraqueza de carácter
Personagens que representam a essência de uma cegueira suicida, através de confrontos, entre o amor e o dever, Radamés de Aïda, de Verdi
Desequilibrados pela rejeição social da comunidade onde se inserem, Peter Grimes, Britten.
(Fonte: Revista Gulbenkian)
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