Será que o silêncio, como o
som, é passível de ter um volume que aumenta? Será possível aumentar o volume
do silêncio e ter, hoje, um silêncio mais volumoso que o silêncio de ontem,
quando, contra toda a evidência objectiva, o silêncio de hoje é igual ao silêncio
de ontem? A ausência de diálogo, de assunto, de conversa é a mesmíssima de
ontem; as notícias que saem pela televisão são as mesmas e os talheres que
batem no parto, pontuam o mesmo silêncio da mesma maneira. Mas hoje sente-se um
silêncio mais volumoso do que o de ontem. Não mais pesado, como é comum
dizer-se, não é assim que ele se sente. Sente-se apenas mais volumoso. Rolando
Teixo, Pedro Bidarra
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