As fotografias de Fernando Pessoa, podem revelar uma
pessoa sem grandes preocupações na forma como se vestia. É verdade que Pessoa,
passou por dificuldades económicas e teve dívidas, mas nunca sucumbiu à
miséria.
Fernando Pessoa gostava de vestir
bem. Por vezes teve que recorrer à venda de livros já lidos, para ter dinheiro,
muito dele para comprar roupas e acessórios nas casas mais requintadas de
Lisboa, como a Camisaria Pitta. Os familiares sempre disseram que Pessoa andava
sempre bem arranjado, de colarinhos bem engomados e gostava de vestir com um
certo rigor. Seria o que se dizia então um «janota», mas ser «janota» ficava
caro, até teve uma alta conta num dos alfaiates mais conceituados de Lisboa,
Lourenço & Santos, Lda. O próprio Fernando Pessoa faz referência no seu
diário, entrada em 30 de Novembro de 1915: «Há noite fiquei satisfeito de ouvir
duas referências diferentes (do Cortês-Rodrigues e do Perdigão), ao facto de eu
estar bem vestido (Oh, eu!)».
No fim da sua vida Fernando
Pessoa recebeu o Prémio Antero de Quental, quantia de 5000$00, pelo seu livro
«Mensagem». Oito meses depois de receber este dinheiro morreu no Hospital São Luís
dos Franceses, é de pensar que o poeta viveu esses meses num justíssimo desafogo,
mas o facto de ter morrido sem deixar dívidas, revela que também as saldou
todas.
Escritor David Soares
Retrato exposto na Casa Fernando
Pessoa, feito pelo pintor Adolfo Rodriguez Castañe, um dos seus amigos.
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