O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

terça-feira, 9 de novembro de 2010

ANAÏS NIN (1903-1977)


A obra de Anäis Nin, está impregnada de conteúdo erótico e é substancialmente preenchida pelas suas experiências. Constitui uma reflexão literária e psicológica sobre sua identidade feminina. Destaca-se Delta de Vénus (1977), traduzido para todas as línguas ocidentais e aclamado pela crítica americana e europeia. As suas grandes influências são a obra de James Joyce e a psicanálise de Sigmund Freud.
Foi realizado em 1990 o filme,
Henry & June, dirigido por Philip Kaufman, sobre o período do relacionamento de Anaïs Nin com Henry Miller.

Deirdre Bair, escreveu uma biografia sobre Anaïs Nin, revelando aspectos da vida da escritora, não conhecidos, como por exemplo uma relação incestuosa que teve com o pai. Foi mesmo a primeira escritora a explorar esse assunto. Segundo disse teve um pressentimento ao ler os diários do incesto e falou com alguns elementos da família. Inclusivamente com o seu irmão Joaquim, um musicólogo que mora em Berkeley, que revelou que o pai, quando ela escreveu o livro «A Casa do Incesto», estava chocado e preocupado, que ela fosse contar tudo. Além disso, a biógrafa é membro de uma organização, onde há especialista nessa matéria e deu algumas páginas do Diário, para eles lerem. Todos sublinharam as mesmas partes e foram unânimes em dizer que houve incesto.Bair, faz alusão a que nos Diários, Anäis Nin mentiu e para além dos diários onde primou em erotismo, não a considera uma grande escritora.
Sobre a sua independência e liberdade ela mentiu e os seus diários influenciaram uma série de mulheres, que viam nela uma mulher perfeita, que viajou pelo mundo, viveu só, fez o que queria, dona da sua sexualidade, dinheiro, de tudo! Todas queriam imitar Anaïs Nin. E mudaram a sua vida. Na realidade ela nunca esteve só, sempre foi protegida, chegou a ter dois maridos, um deles bastante rico, que lhe pagava tudo que ela queria. Quando se descobriu a verdade, as mulheres voltaram-se contra ela, considerando que escreveu de uma forma premeditada, a forma como queria ser vista e conhecida. No entanto para a biógrafa, isso é irrelevante, aceitando que contou o que queria e como queria, mas isso não a impediria de fazer o contexto dessa realidade.Nesta época Bair diz que os Diários teriam sido publicados de imediato, no tempo os diários eram chocantes e ninguém os queria editar. Anäis inspirava-se nela própria para fazer ficção, e foi a maneira melhor como fez ficção.
Relativamente ao erotismo, a biógrafa diz que falou com Michele Slung, especialista em literatura erótica e este considerou-a o melhor exemplo do género como mulher, foi realmente a primeira vez que uma mulher foi capaz de expressar a sua própria sexualidade de uma forma lírica.
Sobre o filme
Henry & June, Bair diz ter ficado impressionada com a forma como o director Philip Kaufman, foi capaz de adaptar o seu diário, no entanto considera que há dois erros que devem ser corrigidos. Anaïs, nunca teve um relacionamento físico com June Miller, mulher de Henry Miller, acrescentando que Anaïs numa orgia na década de 40 em Nova York teve uma relação lésbica e não gostou e nunca mais teve relacionamentos físicos com mulheres. O segundo erro, foi o realizador passar a ideia que o marido era um homem estúpido, quando na realidade ele era um homem extremamente sensível, sofisticado, que sabia o que acontecia, mas preferia não ver.A biógrafa considera os Diários, uma obra importante, que marca uma época e recheados de testemunhos dessa época.

Nenhum comentário:

Postar um comentário