O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
JEAN-PAUL SARTRE

sábado, 12 de maio de 2012

IMAGEM

Antitese da Calma - António Dacosta







A imagem é o principal problema que se põe ao pensamento no nosso tempo. A força mais autêntica da poesia reside, na capacidade de gerar imagens. A imagem é o que excede a linguagem. Ex. «O navio de espelhos» de Cesariny, «o navio de espelhos não navega, cavalga», é uma imagem forte! Embora dotados pela linguagem é pela imagem que chegamos ao epifânico, ao que nos revela, como numa cintilação, um pouco mais do que real, como dizia André Breton e ao mesmo tempo, aquilo que imediatamente se cerra sobre ele.
O real mascara-se de imagens. Mas enquanto totalidade, é inapreensível. Tudo o que fazemos é à procura de surpreender o real, tanto na poesia como na pintura. Goethe pedia mais luz, mas na verdade o que pedia era para ver melhor a realidade. A ironia poética pressupõe uma distância que nos permite duvidar. E duvidamos que as coisas sejam como são e ao mesmo tempo que seja possível experimentarmos ainda determinados sentimentos! Ironia é possibilidade de ainda se fazer poesia lírica, Adorno dizia: a poesia lírica já não cabe no mundo». Duvidamos do sentimento e da expressão.
Bernardo Pinto de Almeida (poeta e crítico e Historiador de Arte JL

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