Antitese da Calma - António Dacosta |
A imagem é o principal problema que
se põe ao pensamento no nosso tempo. A força mais autêntica da poesia reside,
na capacidade de gerar imagens. A imagem é o que excede a linguagem. Ex. «O
navio de espelhos» de Cesariny, «o navio de espelhos não navega, cavalga», é
uma imagem forte! Embora dotados pela linguagem é pela imagem que chegamos ao epifânico,
ao que nos revela, como numa cintilação, um pouco mais do que real, como dizia
André Breton e ao mesmo tempo, aquilo que imediatamente se cerra sobre ele.
O real mascara-se de
imagens. Mas enquanto totalidade, é inapreensível. Tudo o que fazemos é à
procura de surpreender o real, tanto na poesia como na pintura. Goethe pedia
mais luz, mas na verdade o que pedia era para ver melhor a realidade. A ironia
poética pressupõe uma distância que nos permite duvidar. E duvidamos que as
coisas sejam como são e ao mesmo tempo que seja possível experimentarmos ainda
determinados sentimentos! Ironia é possibilidade de ainda se fazer poesia
lírica, Adorno dizia: a poesia lírica já não cabe no mundo». Duvidamos do
sentimento e da expressão.
Bernardo Pinto de
Almeida (poeta e crítico e Historiador de Arte JL
Nenhum comentário:
Postar um comentário